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Rendez-vous cultural

Cultura: Quando 'Paris é uma festa' para crianças de todas as idades

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Para quem pensa que Paris é um destino só para adultos, que queiram apreciar vinhos e óperas, está na hora de reprogramar a viagem e preparar também as malas dos filhos. O título da obra de Ernest Hemingway, “Paris é uma festa”, se aplica inclusive aos pequenos convidados. Um dos maiores centros culturais do mundo não seria alheio às crianças. Inclusive porque, na capital francesa, é desde cedo que se aprende a amar a arte.

A guia especializada para crianças Aureliana Garreau adapta referências históricas e vocabulários durante visitas a museus e monumentos de Paris.
A guia especializada para crianças Aureliana Garreau adapta referências históricas e vocabulários durante visitas a museus e monumentos de Paris. © Aureliana Gardeaux / Parci Parla
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Andréia Gomes Durão, da RFI

Jardins, museus, parques e teatros de Paris oferecem serviços e atividades adaptados para o pequeno público. Todos os 20 arrondissements, os distritos da cidade, têm museus, centros culturais, cinematecas que oferecem ateliês para crianças, principalmente nos fins de semana e também às quartas-feiras, quando os alunos na França costumam sair mais cedo de escolas e colégios.

Cada museu tem uma experiência a ser vivida pelos pequenos visitantes ou por toda a família. Esta é a proposta, por exemplo, da Parci Parla, especializada em passeios para crianças na capital francesa.

“A visita é para as crianças, mas é também para a família. O objetivo é a diversão com arte. Eu tento mostrar para as crianças que o museu é o único lugar no mundo que a gente pode viajar no tempo no espaço. Então a diversão já é essa brincadeira de entrar em um lugar que tem uma magia, em que cada porta do museu faz a gente viajar em um ritual de passagem”, descreve Aureliana Garreau, idealizadora da agência.

Para garantir uma plena imersão durante as visitas, Aureliana adapta referências históricas e também o vocabulário para melhor se comunicar com o público infantil. “Eu falo na linguagem em que elas [as crianças] estão acostumadas hoje, como games, por exemplo, Netflix, telas. Pergunto porque a gente fica horas e horas ‘assistindo’ um quadro, eu não falo ‘olhando’ um quadro”, ela explica.

Monalisa

Durante sua visita ao Louvre, Helena, de 8 anos, adorou a oportunidade de ver de perto a peça mais visitada do museu, a Monalisa, de Leonardo Da Vinci. Mas ela parece ter ficado um pouco decepcionada com o tamanho da obra. “Eu achei que ela era muito bonita, mas menor [do que imaginava].”

As irmãs Helena, de 8 anos, e Mariana, 11, exploram a capital francesa.
As irmãs Helena, de 8 anos, e Mariana, 11, exploram a capital francesa. © acervo pessoal

Para a irmã mais velha, Mariana, de 11 anos, ter a oportunidade de explorar a história da arte nos museus, como já havia estudado antes na escola, foi única. “Eu acho muito mais interessante poder ver [as obras] pessoalmente do que pelo livro de história. Eu queria poder voltar para ver o Louvre todo”, se programa a pequena visitante.

O ânimo e o interesse das meninas não somente pelas visitas aos museus, mas por outros monumentos e histórias da capital francesa surpreendeu o pai Bruno, que não imaginava que as duas filhas fossem aproveitar tanto a viagem.

“Quando organizamos uma viagem para a Europa, nos preocupamos se não será chato, cansativo para as crianças. E foi o contrário, todos os passeios foral legais: fomos a Montmartre e elas acharam o máximo, fomos ao Jardim de Luxemburgo e elas adoraram. Foi uma viagem fantástica. Acho que foi a melhor viagem que a gente já fez na vida", lembra Bruno.

Impressionsitas

Já Duda, de 9 anos, preferiu explorar o Museu d’Orsay na companhia de seus pais. Foi uma oportunidade de revisitar muito do que ela já havia visto na escola, principalmente o estilo impressionista.

“Eu já tinha feito atividades na escola de pintar obras dos impressionsitas. Eu também quero visitar a Notra-Dame, quando estiver totalmente construída, ver como é por dentro. Vai ficar pronta no ano que vem, né?”, ela conta, já se organizando para voltar à capital francesa.

Duda, de 9 anos, faz planos de voltar a Paris para visitar a Catedral de Notre-Dame completamente restaurada.
Duda, de 9 anos, faz planos de voltar a Paris para visitar a Catedral de Notre-Dame completamente restaurada. © acervo pessoal

Para além dos museus e monumentos, a capital francesa tem belíssimos parques e jardins, espaços verdes perfeitos para aproveitar com as crianças. “É a minha primeira vez aqui, eu não moro perto do parque. Eu gosto de vir aqui para jogar um pouco e aproveitar o jardim”, conta Boubacar, de 9 anos, enquanto se diverte no Jardim das Tuilerias.

Enquanto ele aproveita o espaço e corre pelos gramados, sua prima, Coumba, prefere observar as muitas estátuas expostas no jardim e se pergunta o que essas estátuas têm a ensinar. “Eu gosto muito do jardim, vir aqui me faz sair um pouco. Eu gosto das flores que têm aqui. Geralmente em cada estátua tem alguma coisa a ser lida, e a gente aprende coisas com isso”, diz.

Escala de compreensão

E mesmo que a criança ainda não tenha noções de arte ou história, Paris oferece toda uma série de experiências e descobertas para todas as idades. Ter apenas 3 anos não impede que o pequeno Basilio aproveite intensamente uma trepidante programação musical, literária, teatral, que a capital francesa reserva mesmo para aqueles que ainda não dominam muito a linguagem verbal.

“O que faço a nível cultural para ele é buscar espaços que sejam especializados para crianças da primeira infância, como dizem aqui na França, onde elas podem se divertir de acordo com sua idade, de acordo com sua escala de compreensão. Para isso, eu e meu marido o levamos a concertos adaptados para crianças, peças de teatro, a espaços que sejam didáticos para os pequenos”, descreve a mãe, Yamile.

Ela usa o exemplo do Museu da Ciência e Indústria, onde “há espaços que eles possam explorar, para que possam escutar sonoridades, manipular diferentes texturas. São espaços onde há contos, onde há áudios”, continua.

Com apenas 3 aninhos, o pequeno Basilio aproveita uma intensa programação cultural em Paris adaptada a sua escala de compreensão.
Com apenas 3 aninhos, o pequeno Basilio aproveita uma intensa programação cultural em Paris adaptada a sua escala de compreensão. © acervo pessoal

“Há associações onde apresentam obras de teatro muito poéticas e sensíveis, que duram em média apenas meia hora. Há também concertos um pouco alternativos, em que as crianças podem observar a orquestra no palco, os instrumentos e outros objetos sonoros, e também podem explorá-los depois da apresentação”, ela sugere.

Para Yamile, o importante é que criança possa aproveitar uma escala adaptada para ela, permitindo que esta se abra para esse mundo cultural e artístico.

Diversões à parte, serviços adaptados para crianças também são fundamentais para o sucesso da viagem. Uma pesquisa rápida pela internet informa restaurantes com atividades e pratos infantis, e também hotéis que, além de serviços mais comuns, como lavanderia, oferecem até o auxílio de babás.

Com tantas possibilidades e sugestões, basta arrumar as malas – de toda a família! – e embarcar para fazer a festa em Paris.

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