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Reportagem

Espumantes brasileiros do Rio Grande do Sul conjugam elegância e festa na Wine Expo Paris 2024

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A Wine Expo Paris chega à sua quinta edição na capital francesa reunindo mais de 4 mil produtores de vinho e espumantes de 48 países. Sob a égide das mudanças climáticas e dos desafios econômicos e sociais decorrentes, a edição 2024 quer discutir os novos rumos do setor num planeta em crise, mas que ainda celebra Baco, o antigo deus do vinho, com gosto e galhardia. No menu principal, destaque para os espumantes brasileiros do Rio Grande do Sul, exportados pela tradicional Casa Valduga.

Luísa Valduga, representante da Casa Valduga, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, uma das maiores exportadoras de vinhos e espumantes brasileiros na Europa. Ela participa desta quinta edição da Wine Expo Paris, entre 12 e 14 de fevereiro de 2024.
Luísa Valduga, representante da Casa Valduga, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, uma das maiores exportadoras de vinhos e espumantes brasileiros na Europa. Ela participa desta quinta edição da Wine Expo Paris, entre 12 e 14 de fevereiro de 2024. © RFI/Marcia Bechara
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Luísa Valduga é de Bento Gonçalves, "no sul do Rio Grande do Sul", responsável pelas exportações do grupo Família Valduga. Ela conta que, apesar de já ter participado da Wine Expo quando o evento era sediado em Bordeaux (sul), em 2024 é a primeira vez que a empresa expõe em Paris, a convite do próprio evento, com o objetivo de "representar o Brasil e buscar novos parceiros não só na França, como em outros países europeus".

Luísa elogia o fato de a feira ter oferecido a possibilidade de fazer networking com compradores antes do evento começar. "Eu queria parabenizar a feira por proporcionar uma oportunidade da gente encontrar os compradores antes do início do evento. Então a gente teve informação e acesso aos nomes e aos países de vários compradores. Meu objetivo aqui é conseguir novos contatos em alguns dos países nos quais ainda não tenho distribuição aqui na Europa. A França com certeza está entre esses países, mas a gente tem uma lista ainda muito longa para conquistar", disse a herdeira da empresa, que é hoje uma das maiores exportadoras de vinhos e espumantes do Brasil para o exterior.

A representante dos vinhedos dessa tradicional família de Bento Gonçalves detalha as qualidades do produto brasileiro, em exposição na capital francesa. "Nós temos um excelente reconhecimento, principalmente pela nossa elaboração de espumantes. Somos muito focados na produção dos espumantes pelo método tradicional, o mesmo método do champanhe, e nós também utilizamos as mesmas uvas, Chardonnay e Pinot Noir", diz Valduga.

"Elegância e festa"

"Aqui hoje nós também trazemos outra linha, que se chama Ponto Nero, em que os espumantes são elaborados pelo método Charmat, que traz um pouco mais de leveza, um pouco mais de frescor. Trouxemos essas duas linhas para mostrar o potencial do Brasil", afirma a jovem empresária do Rio Grande do Sul. "Não só fazendo produtos que servem muito bem eventos e que remetem a festa, que é o que muita gente pensa do Brasil, mas também produtos que tenham elegância e que podem sim agradar paladares exigentes, como o dos europeus", enfatiza.

Reação dos europeus

Luiza Valduga relata a reação dos europeus ao vinho brasileiro. "É sempre uma surpresa falar que o Brasil produz vinho fino, ainda por cima espumante. Mas quando a gente começa a contar a história, sempre tem uma receptividade muito grande. E é importante fazer a degustação e deixar claro que a Casa Valduga produz os vinhos no sul do Brasil, onde temos um clima adequado e conseguimos ter uma boa acidez para elaborar espumantes de alta qualidade", diz Luísa Valduga.

"Atualmente nós produzimos em torno de 2 milhões de litros anuais. Hoje, 30% são vinhos e 70% são espumantes. Estamos presentes em cinco países, mas queremos crescer cada vez mais. A representatividade das exportações gira em torno de 10%", conta. 

Da França para o Brasil

Fundador e proprietário da maior exportadora de vinhos franceses no Brasil, a Chez France, o francês Philippe Ormancey conversou com a RFI na abertura da Wine Expo Paris. "Criei essa empresa em 2012, chegando no Brasil numa outra carreira internacional, na área do aço [AcellorMittal]. E quando cheguei, não havia uma boa oferta de vinhos franceses ou tinha muito pouca coisa nos supermercados, mas de qualidade ruim ou vinhos super caros. Então eu decidi, com amigos, montar uma boa oferta dos vinhos da minha cultura, dos vinhos da França", conta.

Ormancey elogiou a qualidade dos produtos brasileiros. "Teve uma grande procura dos vinhos chamados domésticos no Brasil. E a qualidade melhorou muito. A única preocupação de dessa cadeia produtiva no Brasil é que são pequenos produtores, é uma produção muito familiar e que não tem realmente essa força para poder investir e exportar", avalia o empresário francês, que mora no Brasil desde 2007. 

Eduardo Cavalcanti, sócio brasileiro de Phillippe na Chez Brasil, falou sobre o paladar do público brasileiro quando o assunto são vinhos e espumantes. "O brasileiro gosta do bom vinho sempre, e naturalmente o vinho francês de qualidade, mas, sobretudo, aquele vinho que vai despertar uma curiosidade, aquilo que você nunca provou, nunca degustou", comentou. 

Ormancey comentou sobre a preferência do público brasileiro. "Vendo nossas ofertas [de vinhos franceses no Brasil], realmente acho que os vinhos brancos têm uma preferência. Claro que o consumo ainda é de maioria tinto, mas hoje em dia realmente tem uma demanda cada dia mais forte de vinhos brancos finos, sem madeira, vinhos com frescor, que podemos beber com essa gastronomia maravilhosa que temos no Brasil. E acho que essa tendência nem é só no Brasil, é mundial", concluiu.

A Wine Expo Paris de 2024 acontece no centro de exposições de Porte de Versailles até o dia 14 de fevereiro.

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