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RFI Convida

Questão das energias renováveis será desafio para presidência francesa da UE, diz especialista da UNB

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Desde 1° de janeiro a França assumiu a presidência rotativa da União Europeia (UE), uma função que durante os próximos seis meses permite ao país liderar as discussões e a comandar a agenda do bloco formado por 27 países. Para analisar os desafios franceses neste período, o RFI Convida conversou com Angélica Saraiva Szucko do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. 

Emmanuel Macron durante a coletiva para falar das ambições da França durante a presidência da União Europeia. 9/12/2021.
Emmanuel Macron durante a coletiva para falar das ambições da França durante a presidência da União Europeia. 9/12/2021. REUTERS - POOL
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A França preside o bloco num período de eleições no país, com a escolha do presidente em abril e as legislativas em junho. Macron ainda não é oficialmente candidato, mas não há muitas dúvidas de que tentará a reeleição. Esse calendário político vai interferir na presidência francesa da União Europeia e na condução dos assuntos do bloco, de acordo com Angélica Szucko.

“A presidência francesa será marcada por essas eleições nacionais, tanto no período de campanha, que tem início em março, quanto a própria eleição presidencial. Há uma grande expectativa na União Europeia que ele seja reeleito para dar continuidade às suas propostas para o bloco europeu e o projeto de integração regional”, afirma a especialista.

Segundo ela, os assuntos europeus também vão interferir na campanha presidencial francesa do bloco, na medida em que os candidatos da extrema direita, como Marine Le Pen ( Reunião Nacional) e Éric Zemmour (Reconquista) questionam a presença da França no bloco.

No início de dezembro, Macron elencou as prioridades estabelecidas pela França à frente do bloco europeu, focadas em questões relacionadas à soberania, fortalecimento da economia e na transição ecológica, entre outros temas.  

Entre as propostas do país está a reforma do espaço Schengen, área de livre circulação de pessoas e mercadorias envolvendo diversos países europeus. A França pretende criar um mecanismo para que os governos enfrentem as crises migratórias, que se tornaram uma preocupação constante nos últimos anos.

“Desde 2015, a crise migratória vem afetando a UE e mostrando as fragilidades do bloco em lidar com a situação. Faz-se necessária uma revisão da política migratória europeia. Além da França, outros países estão alinhados com essa proposta, principalmente os que mais sofreram com a chegada dos migrantes”, afirma Angélica.

Macron também pretende dar um impulso para a criação de um salário mínimo europeu padrão. Uma proposta que, segundo a pesquisadora da UNB, deve encontrar muitos obstáculos. “É preciso pensar como vai refletir em outros estados membros e se haverá um consenso. Alguns países têm sistemas de proteção social muito mais abrangentes do que outros. Vamos ver se os 27 poderão entrar em consenso para a definição desse salário mínimo”, pondera.

Angélica Saraiva Szucko integra o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
Angélica Saraiva Szucko integra o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. © Arquivo Pessoal

Salário mínimo europeu

Outro eixo defendido pela presidência francesa do bloco é o estabelecimento de um modelo de produção e sustentabilidade impulsionado pela transição climática. Segundo Angélica Szucko, o tema deve alimentar muitos debates na UE. Ela vê um alinhamento das prioridades da França com a da própria União Europeia, que estabeleceu o objetivo de chegar à neutralidade de carbono até 2050 e para isso, defende a inclusão do nuclear e do gás natural como "energias verdes".

“A formação do governo na Alemanha com a participação do partido Verde na coalizão vai reforçar essa demanda”, prevê. Mas o tema deve gerar debates intensos diante da proposta de integrar a energia nuclear e o gás na lista de  energias renováveis e sustentáveis.

“A gente tem a pressão da França, por um lado, que utiliza muita energia nuclear, e da Alemanha que é pró-utilização do gás. Mas outros países têm questionado a inclusão desses tipos de energia para o bloco atingir sua meta de se tornar uma economia de carbono neutra até 2050. Certamente vai gerar muito debate durante a presidência francesa”, prevê a pesquisadora do UNB.

Para ouvir a íntegra da entrevista, clique no link acima

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