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Crianças LGBT: “Esta é só mais uma característica do seu filho”, defende integrante de ONG

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Fim do preconceito no mercado de trabalho, direito ao casamento homoafetivo, à adoção de filhos por casais de pessoas do mesmo sexo: a luta da comunidade LGBTQIA+ é pensada, na maioria das vezes, pela ótica adulta, deixando crianças e adolescentes em uma invisibilidade social que torna suas experiências pessoais ainda mais desafiadoras. Por isso mesmo, é preciso “marcar de uma maneira muito forte a existência dessas crianças”, alerta Regiani Abreu, que integra a ONG Mães pela Diversidade.

Depoimentos de jovens e adultos LGBTQIA+ ao Mães pela Diversidade revelam os traumas vividos na infância e na adolescência, “toda a dor que eles sentiram por não terem tido um colo para onde voltar” (foto ilustrativa).
Depoimentos de jovens e adultos LGBTQIA+ ao Mães pela Diversidade revelam os traumas vividos na infância e na adolescência, “toda a dor que eles sentiram por não terem tido um colo para onde voltar” (foto ilustrativa). © PIxabay / rubberduck1951
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Criada em 2014, essa associação, formada por pais e mães que se posicionam contra a homofobia e a transfobia, coloca crianças e adolescentes LGBTQIA+ no centro de sua atuação e enfatiza a importância do acolhimento da sociedade, e principalmente da família, para a superação de uma fase da vida já tradicionalmente complexa.

“Todos nós convivemos com crianças LGBT, inclusive na nossa infância, mas essas vivências são suprimidas, apagadas. Então um primeiro movimento é [pelo reconhecimento da] existência dessas crianças, e um segundo movimento é chamar toda a sociedade para que abrace nossos filhos, no sentido de admitir que existe um bullying, que existe uma supressão dessa existência”, destaca Abreu.

Representante da Mães pela Diversidade em São Paulo, ela enfatiza duas condições muito particulares em crianças e adolescentes LGBTQIA+: a falta de emancipação, financeira e legal, para que deixem seus lares quando não são aceitos por suas famílias, além de já estarem vivenciando fases especialmente delicadas de formação e afirmação de sua individualidade, personalidade.

“Mas se você tem acolhimento dentro da sua casa, se você tem para onde voltar apesar de todas as violências que possa vivenciar na rua, na escola, todo o bullying, se você tiver sua família para se refugiar, você consegue crescer de maneira íntegra, saudável, você consegue desenvolver suas potencialidades”, acredita Regiani Abreu.

“Um colo para onde voltar”

Entre os pais e mães que tendem a negar a sexualidade de seus filhos, ela conta ser comum que estes acreditem que seus comportamentos sejam ou para afrontá-los, ou apenas uma fase, ao que ela responde sem hesitar: “Nós somos feitos de fases. Então, por que não acolher esta fase dos nossos filhos?”.

Aos pais e mães que integram a ONG e trocam experiências para melhor acolher — e proteger — seus filhos, filhas e filhes, Abreu sugere: “É muito importante que as famílias saibam que esta é só mais uma característica do seu filho, e você não pode se pautar somente por ela. Então observe também se seu filho está alegre, se está aprendendo na escola, se está feliz, se alimentando bem, se tem amigos, como toda criança”.

Depoimentos de jovens e adultos LGBTQIA+ ao Mães pela Diversidade revelam os traumas vividos na infância e na adolescência, “toda a dor que eles sentiram por não terem tido um colo para onde voltar”.

Abrace nossos filhos

Para potencializar essa luta pela visibilidade de crianças e adolescentes LGBTQIA+, o Mães pela Diversidade criou a campanha “Abrace nossos filhos”, que busca sensibilizar a sociedade sobre a condição desses jovens: “Agora, nesse momento, tem uma mãe aqui falando na rádio, mas também tem uma mãe falando em uma fábrica, uma mãe acolhendo outra mãe, acolhendo um jovem que foi expulso de casa, tem uma mãe que está distribuindo marmitas para LGBT’s em situação de rua. Nós somos muitas mães”.

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