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Desenvolvido em incubadora do Festival de Cannes, longa brasileiro 'Tinnitus' estreia na França

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"Tinnitus" é o nome do segundo longa-metragem do diretor Gregório Graziosi e entra em sua segunda semana de exibição nos cinemas brasileiros. Selecionado pela residência Cinéfondantion, espécie de incubadora do Festival de Cannes para primeiros longa-metragens, a produção aposta no protagonismo feminino do elenco num contexto que evoca a rebeldia para falar de temas como a superação de traumas, abordando o esporte profissional com pitadas de suspense. O filme estreia na França em 5 de julho.

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RFI Convida © Divulgação
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Uma atleta de saltos ornamentais, Marina Lenk (Joana de Verona), homenagem à lendária nadadora brasileira Maria Lenk, descobre que tem uma condição física chamada tinnitus, que a faz ouvir zumbidos anormais e a obriga a abandonar o esporte de alto nível. A descoberta traumática acontece quando, durante uma competição, ela ouve estranhos ruídos e fracassa na disputa que poderia consagrá-la em sua categoria.

O diretor Gregório Graziosi trata do tema a partir de um thriller com pitadas fantásticas, em que os sons e barulhos têm especial importância, a partir de um roteiro assinado por Marco Dutra, diretor, ao lado de Juliana Rojas, do longa "As Boas Maneiras", que fez sucesso na França em 2017.

"A questão principal do filme é esse embate da Marina como essa doença assustadora, que pode acontecer a qualquer momento. É uma espécie de alucinação eletiva. Quando a pessoa está perdendo a audição, em vez dela ficar no silêncio absoluto, ela começa a interpretar mal os sons da realidadade", conta o diretor. "Ter um elenco feminino muito diverso e trabalhar com atrizes muito talentosas foi uma espécie de alívio do ponto de vista artístico e criativo. Eu espero que o público francês aprecie", diz. 

A parceria com Marco Dutra aparece nas tonalidades do roteiro. "A película começou a ser desenvolvida como um filme de esporte. Depois, por conta da doença, ela foi enveredando por uma outra coisa, um elemento de horror do corpo. Então eu acabei trabalhando com Marco Dutra, que é um especialista nesse gênero [suspense]. Foi experiência muito boa. O Marco também é conhecido dessa residência que eu participei. Ele já tinha passado lá com o projeto de 'As Boas Maneiras'".

Cena do filme "Tinnitus"
Cena do filme "Tinnitus" © Divulgação

O diretor evoca o pano de fundo político de um Brasil fraturado pelo governo Bolsonaro, fazendo um paralelo entre a doença do corpo da protagonista e a do país que ela habita. "O filme começa desse jeito, já com uma interpretação errada dessa personagem do hino nacional [para que a] gente possa perceber que tem alguma coisa errada com o próprio corpo dela. Sem dúvida, existe essa relação. É uma relação sutil, mas é uma relação que está presente", comenta. "Nesse período em que o Brasil flertou com o fascismo, era normalmente tendência usar os símbolos nacionais", lembra.

Sobre o mito de que o segundo longa-metragem seria mais difícil do que o primeiro, Graziosi diz que "todos os filmes são difíceis, nenhum fica mais fácil". "Esse foi especialmente difícil porque era um filme mais complexo. Ele é um filme que tem muitos desafios, inclusive do ponto de vista logístico", detalha. "Tinnitus", relembra o diretor, cumpre uma trajetória que começou em terras gaulesas. "Foi na França que fiz o meu primeiro curta-metragem, que já tinha sido exibido no Festival de Cannes, nesse mesmo programa da Cinéfondation. A Cinemateca francesa tem, aliás, um papel muito importante na promoção do filme brasileiro", afirma o diretor.

Cena do filme "Tinnitus"
Cena do filme "Tinnitus" © Divulgação

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