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“Dicionário Insólito do Brasil”, de Izabella Borges, busca dar outra visão do país na França

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O “Dictionnaire Insolite du Brésil” (“Dicionário Insólito do Brasil”), publicado agora na França pela editora Cosmopole, quer, como indica seu nome, revelar para os leitores franceses uma imagem singular do país, diversa dos clichés. A publicação é composta por mais de 140 verbetes escolhidos e descritos pela escritora e tradutora Izabella Borges.

Izabella Borges, escritora e tradutora brasileira, autora do “Dicionário insólito do Brasil”.
Izabella Borges, escritora e tradutora brasileira, autora do “Dicionário insólito do Brasil”. © RFI
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A publicação integra a série “Dictionnaires Insolites” da Editora Cosmopole que convidou Izabella Borges a fazer o volume dedicado ao Brasil. “O prefácio indica que o dicionário busca dar uma visão desse “país-continente, com origens e história tão complexas quanto a sua realidade”. Há entradas impreteríveis, consideradas quase sinônimos do Brasil no exterior e que não podiam ficar de fora, como Samba, Carnaval, Caipirinha, MPB. Mas a maioria dos verbetes é realmente inusitada, se comparada a um dicionário convencional.

Izabella Borges ressalta que “não queria cair em clichês, que é um combate meu, um combate nosso, né?”. O objetivo era mostrar o Brasil “na sua grandeza, na sua pluralidade”, sem precisar cair em estereótipos.

No entanto, ela decidiu fazer um verbete “bunda”. “Na minha pesquisa eu descobri que a gente tem mais ou menos quase 100 sinônimos em português para palavra bunda. Eu me disse, é necessário que a gente também fale, utilize e estude palavras que nos parecem tão banais e que, na verdade, falam muito do brasileiro e do Brasil”, justifica.

Capa do dicionário insólito do Brasil
Capa do dicionário insólito do Brasil © Captura de tela

Escolha pessoal e afetiva

Izabella Borges assume a escolha pessoal e afetiva dos verbetes. “Assumo absolutamente. Eu tentei que tivesse um mínimo, pelo menos, de história, de civilização, um pouco de economia, um pouco dos nossos grandes nomes, um pouco de ficção também. Como eu escrevo ensaios, me permiti escrever pequenas histórias, como é o caso da BB (Brigitte Bardot)”, diz a autora. No verbete BB, ela reescreve a passagem da atriz francesa por Búzios, nos anos 1960.

Além de BB, a grande maioria das personalidades citadas no “Dictionnaire Insolite du Brésil” é de mulheres. “Foi um ‘parti pris’ (a priori) como a gente diz em francês. Traduzi várias brasileiras, a Conceição Evaristo, a Clarice Lispector, e eu achei interessante que elas tivessem lugar no meu dicionário. Afinal de contas, elas são escritoras importantes ainda não muito lidas na França”, defende.

Cora Coralina, Dilma Rousseff e Marielle Franco são alguns outros nomes presentes. “Eu tive vontade de prestigiar mulheres que me honram pela existência e pela obra delas”, afirma a escritora.

Outra novidade, entre os 140 verbetes, há muitas expressões populares brasileiras, como “necas de pitibiriba”, “urucubaca”, “João sem braço”, cafuné, “vixe”, “eita”... “Essas palavras têm uma raiz etimológica claro, mas, na história do Brasil, muitas vezes, houve uma corruptela da palavra ou da expressão, de como ela era usada até chegar na atualidade. Eu achei interessante também que a gente soubesse que certos regionalismos como o ‘eita’ atravessam as fronteiras das regiões e ocupam a totalidade do território brasileiro”, explica.

Festival Raccord (s)

Izabella Borges, radicada na França há vários anos, atua em várias frentes. Além de autora, é professora, tradutora para o francês, de escritores como Sérgio Sant’Anna, Clarice Lispector e Conceição Evaristo, e para o português de Hélène Cixous e Antoinette Fouque, e agora também organiza o Festival Raccords.

Festival Raccods
Festival Raccods © RFI

 

O evento, promovido pelos “Editeurs Associés“ (Editores Associados). “Tem muito a ver com a minha tese, que é a relação da literatura com outros domínios artísticos”, indica Izabella Borges. O festival acontece nos dias 14 e 15 de outubro na sala La Bellevilloise, em Paris, propondo ao público uma feira de livros com a presença de 42 editores, ateliês, aulas de danças e concertos de música em várias línguas.

A editora Cosmopole tem estande garantido, onde o “Dicionário Insólito do Brasil”, de Izabella Borges, terá lugar de destaque.

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