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Niemeyer/Morte

Classe política francesa enfatiza importância do legado de Niemeyer

A morte de Oscar Niemeyer aos 104 anos de idade provocou nesta quinta-feira uma onda de homenagens da classe política da França, onde ele realizou vários projetos. Um deles é a icônica sede do Partido Comunista Francês (foto), que ficará excepcionalmente aberta ao público durante vários dias. O presidente François Hollande elogiou o arquiteto "cuja obra atravessou o século 20" e "o homem engajado cujas convicções serviram ao seu talento".

A sede do Partido Comunista Francês, em Paris, foi projetada em 1966 pelo arquiteto Oscar Niemeyer
A sede do Partido Comunista Francês, em Paris, foi projetada em 1966 pelo arquiteto Oscar Niemeyer wikipédia
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"Ele tinha uma relação privilegiada com a França, não somente porque construiu aqui vários edifícios cuja modernidade e originalidade têm um grande impacto nos visitantes, mas também porque morou aqui em exílio quando a ditadura reinava em seu país", declarou Hollande em um comunicado. 

Para o primeiro-ministro socialista Jean-Marc Ayrault, Oscar Niemeyer foi o "arquiteto do sonho concretizado e atravessou o século 20 com audácia, fulgurância e constância".

"Membro do Partido Comunista, Oscar Niemeyer nunca renegou seus ideais, que o conduziram ao exílio na França, onde suas obras são um testemunho de seu engajamento", enfatiza Ayrault em um comunicado. Ele lembra que a França tem vários prédios assinados por Niemeyer, incluindo a sede do Partido Comunista (1967-1981), em Paris, e a Casa da Cultura do Havre (1972-1983).

A ministra da Cultura, Aurélie Filippetti, homenageou em um comunicado "um dos grandes construtores de nosso tempo". "Curvas livres e sensuais, maleabilidade e poesia do concreto armado, rejeição do funcionalismo e do racionalismo: sua assinatura reconhecível entre todas está gravada na paisagem institucional das grandes capitais e particularmente na França, onde escolheu viver nos anos 70", lembrou ela.

"Em todo o mundo, ele deixa uma obra ao mesmo tempo prestigiosa, grandiosa e popular, que conta entre as mais belas expressões artísticas do nosso tempo", acrescentou a ministra.

Pierre Laurent, secretário nacional do PCF, celebrou um "homem extraordinário" que "soube aliar o gesto criativo e seu engajamento comunista durante toda a vida". "Ele permaneceu fiel a suas ideias até o fim", disse o senador a uma rádio francesa.

Ele informou que o PCF vai fazer uma homenagem especial ao arquiteto em sua sede parisiense, que permanecerá aberta ao público durante vários dias. As bandeiras brasileira e francesa estão a meio pau no prédio.

O primeiro esboço do projeto foi feito em três dias por Oscar Niemeyer, que deu a obra de presente ao PCF. A cada ano, cerca de 15 mil visitantes de escolas de arquitetura de todo o mundo visitam o local.

O deputado e prefeito do Havre, Edouard Philippe, do partido de direita UMP, elogiou "o espírito de abertura" de Niemeyer, que construiu na sua cidade um teatro conhecido hoje em dia como "o Vulcão" devido a suas formas arredondadas. "Ele não somente realizou no Havre uma de suas mais belas obras, mas também aceitou que ela fosse modificada e que suas funções evoluíssem", declarou ele.

Bertrand Delanoë, o prefeito socialista de Paris, falou de "um arquiteto imenso, um trabalhador incansável, uma grande testemunha do século passado e um homem apaixonadamente engajado". "Paris conserva a marca de seu trabalho" com a sede do PCF, classificado como monumento histórico, lembrou ele.

Além da sede do Partido Comunista e da Casa de Cultura do Havre, Oscar Niemeyer projetou a antiga sede do jornal L'Humanité em Saint-Denis (1989) e a Bolsa do Trabalho de Bobigny (1980), ambos na periferia da capital francesa.

O diretor do Instituto Francês de Arquitetura, Francis Rambert, enfatizou que "o arquiteto tinha uma relação muito forte com nosso país, onde ele se exilou durante vários anos no período da ditadura brasileira. Ele falava muito bem o francês e apreciava nossa cultura".

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