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Brasil/Violência Mulheres

Número de assassinatos de mulheres negras cresce no Brasil

Um estudo divulgado nesta segunda-feira (9) traça um panorama da violência contra as mulheres no Brasil. O relatório, feito em parceria com a Organização das Nações Unidas, chama a atenção para o aumento do índice de assassinatos das negras no país, enquanto os homicídios mulheres brancas registrou uma queda.

A secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci (e), durante divulgação dos dados do Mapa da Violência 2015/Homicídios de Mulheres no Brasil.
A secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci (e), durante divulgação dos dados do Mapa da Violência 2015/Homicídios de Mulheres no Brasil. Elza Fiúza/ Agência Brasil
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Intitulado Mapa da Violência – Homicídio de Mulheres no Brasil, o estudo, dirigido pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, compila uma década de dados, entre 2003 e 2013. A pesquisa conta com o apoio do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Um dos dados que mais chama a atenção é a disparidade do ponto de vista étnico. Se a pesquisa revela que no período analisado o número geral de assassinatos de mulheres brancas caiu 9,8%, os homídios de negras aumentaram 54,2%.

Segundo o documento, 1.576 mulheres brancas foram assassinadas em 2013, contra 1.747 em 2003. Já entre as negras, se 1.864 foram mortas em 2003, 2.875 vítimas fatais foram registradas em 2013.

Os pesquisadores acrescentam que, proporcionalmente ao tamanho das populações, em 2013 morreram 66,7% mais meninas e mulheres negras que brancas no Brasil. Os estados do Amapá, Paraíba, Pernambuco e Distrito Federal são os que apresentam os maiores índices de vitimização de mulheres negras.

Para a ministra de Estado chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a mulher negra se tornou vítima do próprio destaque recente na sociedade. "Na última década, a negra assumiu um lugar muito determinado como sujeito político, dando magnitude à luta contra o racismo. Elas começaram a aparecer bonitas, elegantes, protagonistas da própria vida, podendo estar exatamente onde quiserem. Isso incomoda", comentou durante o lançamento do estudo, cujas conclusões ela considerou "lamentáveis".

A pesquisa ressalta que se nos casos de homicídios masculinos 73,2% das mortes são causadas por armas de fogo, entre as mulheres os meios utilizados são outros. Mesmo se 48,8% dos assassinatos são provocados por armas de fogo, o documento aponta para um aumento do uso de objetos cortantes e penetrantes (25,3%), contundentes (8%) ou estrangulamento (6,1%).

Assassinos conhecidos e homicídios dentro de casa

O documento também chama a atenção para um índice cada vez maior de crimes de ódio por motivos fúteis ou banais e que no caso das mulheres, os agressores são geralmente conhecidos. O mesmo não acontece no caso de homicídios masculinos, onde a maioria dos assassinos são desconhecidos.

Ainda segundo o estudo, outro indicador diferencial dos homicídios de mulheres é o local onde ocorre a agressão. Segundo a pesquisa, se quase metade dos assassinatos de homens acontece na rua, do lado das mulheres, 27,1% dos crimes são cometidos dentro de casa e 31,2% fora do domicílio.

Brasil é o 5° país com maior número de assassinato de mulheres

O Mapa da Violência também traz uma comparação internacional dos números de homicidios cometidos contra mulheres. Segundo o estudo, o Brasil aparece em 5° lugar no ranking, atrás apenas de El Salvador, que lidera a lista, Colômbia, Guatemala e Rússia.

O documento também compara a situação brasileira com a de países desenvolvidos e constata, por exemplo, que os números de homicídios no Brasil são 48 vezes maiores que os registrados no Reino Unido.

 

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