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Brasil/Justiça

Bloqueio do WhatsApp irritou os brasileiros, diz jornal francês

O bloqueio do WhatsApp no Brasil ganhou destaque nesta quarta-feira (4) no jornal francês Les Echos que comparou o caso à queda de braço entre a Apple e o FBI, a polícia federal americana.

Logotipo do WhatsApp em uma telefone celular no Rio de Janeiro.
Logotipo do WhatsApp em uma telefone celular no Rio de Janeiro. REUTERS/Nacho Doce
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Foi um “verdadeiro escândalo”, escreve o diário francês sobre a decisão de cortar o acesso de 100 milhões de brasileiros usuários do serviço de mensagens instantâneas até a noite de ontem, quando a justiça liberou novamente o aplicativo.

Les Echos explicou que a decisão surgiu de um pedido da polícia para investigar contatos feitos pelo WhatsApp por traficantes de drogas da região Nordeste. A empresa se negou alegando que o conteúdo é criptografado.

O diretor de comunicação da empresa desembarcou no Brasil para explicar que o aplicativo não estoca as mensagens dos usuários. Em represália, o grupo Anonymous Brasil atacou os sites da justiça do estado de Sergipe, na origem da suspensão do WhatsApp.

Segundo a reportagem assinada pelo correspondente Thierry Ogier, o caso lembra os problemas da Apple nos Estados Unidos com o FBI. A grande questão, segundo o jornal francês, é saber por quanto tempo o Facebook, que controla o aplicativo, vai aguentar as ações da justiça brasileira.

Problemas antigos

Les Echos lembra que não foi a primeira vez que o aplicativo enfrenta problemas no país. Em dezembro, pelos mesmos motivos, ou seja, uma investigação policial, o WhatsApp já tinha sido suspenso por 48 horas.

Na época, operadoras locais de telecomunicações foram suspeitas de estarem na origem da manobra, que teria como objetivo criar obstáculos para uma concorrência que consideravam desleal. O caso ainda se tornou mais espetacular com a prisão, em São Paulo, do vice-presidente do Facebook para a América Latina, Diego Dzodan, lembra o texto.

Mas, desta vez, escreve Les Echos, até a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), considerou que a justiça foi “longe demais”. O presidente da Agência, João Rezende, estimou que a suspensão foi desproporcional e que o bloqueio “não é a solução”.

Outras opções

O jornal francês lembra que a justiça sergipana se baseou na recente lei que definiu o Marco Civil da Internet no Brasil. Mas, segundo advogados, a lei ainda precisa de vários decretos para ser aplicada e por isso deixa brechas para muitas interpretações.

Les Echos diz no Brasil, que abriga 10% dos usuários do WhatsApp, o aplicativo é muito usado pelo setor informal e pelo comércio que depende de serviços de mensagens instantâneas, que rapidamente já superaram o tradicional email. O bloqueio irritou os brasileiros que tiveram que recorrer a outras opções como o aplicativo Telegram, diz o texto.

Mas a justiça aceitou o recurso da empresa e o WhatsApp voltou a funcionar normalmente, conclui a reportagem do Les Echos.

 

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