Acessar o conteúdo principal
Cannes

Em Cannes, Sônia Braga diz que mudança de governo fere democracia no Brasil

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18) em Cannes, a equipe do filme "Aquarius" explicou o protesto realizado ontem no tapete vermelho. Ao lado do diretor Kleber Mendonça Filho, a atriz Sônia Braga disse que a transição de governo "fere a democracia no Brasil".

A atriz Sônia Braga, antes da exibição de "Aquarius", no Festival de Cannes, nesta terça-feira (17).
A atriz Sônia Braga, antes da exibição de "Aquarius", no Festival de Cannes, nesta terça-feira (17). REUTERS/Yves Herman
Publicidade

A manifestação realizada ontem, antes da projeção de "Aquarius" no Festival de Cannes, repercutiu nos principais jornais internacionais. Exibindo cartazes com mensagens como "Um golpe ocorreu no Brasil", "Resistiremos" e "Brasil não é mais uma democracia", em inglês e francês, no tapete vermelho, a equipe atraiu todos os holofotes. O protesto estampou páginas de jornais em todo o mundo e foi destaque na mídia francesa até esta quarta-feira.

Na coletiva de imprensa, Mendonça Filho declarou não ter consciência da proporção que o manifesto tomaria. Aos jornalistas, o cineasta explicou que sua equipe teve a ideia de usar Cannes para protestar contra o que considera um golpe contra a presidente afastada. "Queríamos fazer algo que estivesse à altura dos acontecimentos e informar as pessoas sobre o que acontece neste momento no Brasil, mas só depois da projeção do filme é que nos demos conta da forte repercussão do nosso ato", celebrou.

O diretor de "Aquarius" se surpreendeu de ter visto a manifestação na imprensa brasileira, que classificou como "parcial". "Toda a mídia do Brasil falou sobre o gesto. Aproveitar os holofotes de Cannes deu certo", declarou.

O ato chegou até mesmo à presidente Dilma Rousseff. Em sua conta no Twitter, ela agradeceu a homenagem: "Ao elenco extraordinário do filme #Aquarius um beijo em nome da democracia".

Polarização do Brasil

Sônia Braga, que interpreta a personagem Clara no longa-metragem, lamentou a polarização no Brasil, que classificou como "um fenômeno raro". Aos jornalistas, ela relembrou que, no final no regime ditatorial no país, o povo se uniu pelas Diretas Já. Mas, segundo ela, a população hoje, incitada pela grande mídia, se encontra completamente dividida.

A atriz também se disse chocada que alguns ministros do governo interino de Michel Temer “sejam corruptos". Segundo ela, eles "provavelmente terão que deixar seus cargos". "Todas essas recentes transições ferem a democracia no Brasil", declarou, ressaltando a dificuldade de viver este momento.

Mendonça Filho classificou a polarização como "profunda e assustadora". O cineasta disse que o Brasil é refém de um movimento “conservador e fascista”. O diretor também criticou a extinção do ministério da Cultura por Temer. "É porque recebemos verbas públicas - verbas honestas -, que pudemos produzir esse filme e representar o país atualmente em Cannes", sublinhou.

Já o ator Humberto Carrão, que interpreta o personagem Diego em "Aquarius", disse que sempre estudou em colégios particulares e ouviu, durante toda a vida, brasileiros ricos dizerem que o país sofria de um grave problema de educação. Para ele, o atual momento no Brasil demonstra que "o problema que estamos vivendo hoje é a falta de educação dos ricos".

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.