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Brasil/UE

Governo de Temer não é legítimo para negociar com UE, diz eurodeputado à RFI

O eurodeputado Xavier Benito, do partido espanhol Podemos, que apresentou na segunda-feira (30) um pedido para bloquear as negociações da União Europeia com o Brasil, disse que o governo interino de Michel Temer não é legítimo. A declaração foi feita em entrevista exclusiva à RFI.

O eurodeputado espanhol Xabier Benito está à frente da tentativa de bloqueio das negociações comerciais do governo Temer com a União Europeia.
O eurodeputado espanhol Xabier Benito está à frente da tentativa de bloqueio das negociações comerciais do governo Temer com a União Europeia. Parlamento Europeu
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Um dia após a apresentação da carta, assinada por 34 dos 750 eurodeputados, Benito explicou que sua iniciativa não é contra Brasília, e sim contra o contexto atual no país latino-americano desde o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. No entanto, segundo o espanhol, como a União Europeia está discutindo o tratado de livre-comércio com o Mercosul e que o Brasil é um membro importante no bloco, “essas negociações não devem prosseguir até que seja clara a situação política brasileira e que o país conte com um governo legitimamente eleito pelas urnas”.

O eurodeputado, que faz parte da extrema-esquerda espanhola, afirma não ter nenhuma ligação com partidos políticos ou com militantes brasileiros e se defende de tentar intervir em assuntos que ultrapassam suas competências, como político europeu. “Não queremos que nossa atitude seja interpretada como uma ingerência e sim como uma medida baseada em uma preocupação que não apenas nós, mas também muitos partidos políticos de vários países da Europa, temos pela estabilidade e a democracia no Brasil.”

Acordo pode afetar diretamente a vida das pessoas

Benito, que também é vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Mercosul, lembra que quando o tratado de livre-comércio entre os dois blocos começou a ser discutido, ele 1999, ele dizia respeito apenas a produtos agrícolas e industriais. “Mas nesses 17 anos, começou a se cogitar a inclusão de serviços, licitações públicas e propriedade intelectual. Ou seja, estamos falando de algo que terá um impacto muito maior do que previsto inicialmente, e que vai afetar diretamente a vida das pessoas”, explica. “Sendo um tratado tão importante, consideramos mais que necessário e justificado que essas negociações sejam feitas com atores com um respaldo das urnas. E não por atores com falta de legitimidade democrática”, insiste.

No entanto, Benito lembra que sua posição não é a da maioria.“Sempre defendemos na Câmara dos Deputados europeus um modelo de comércio muito diferente do que é apoiado pela comissário Cecilia Malmström (ndlr: responsável pelas negociações comerciais), com respaldo da Comissão Europeia e dos grupos de direita do Parlamento Europeu”, explica o espanhol.

“Defendemos um modelo de comércio global justo, baseado nos direitos humanos, na transparência e nos atores legítimos da sociedade”, ressalta. “Nosso objetivo é lutar contra as desigualdades. É algo que estamos pedindo para todos os tratados de livre-comércio que a União Europeia está negociando, inclusive com os Estados Unidos e com o Canadá.”

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