Temer diz que conversa “com muita frequência com amigos do PSDB”

À margem da cúpula do G20, que acontece na China, o presidente Michel Temer comentou neste domingo (4) as diferenças dentro da sua base aliada e a declaração do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de que o presidente deveria “discutir a relação com o PMDB”. O presidente ressaltou que tem conversado “com muita frequência com os amigos do PDSB”.

Michel Temer está na China em sua primeira viagem oficial desde que assumiu a presidência, para a cúpula do G20. REUTERS/Rolex dela Pena/Pool

Vivian Oswald, de Hangzhou, especial para a RFI

“Nós vamos discutir o tempo todo. O que eu mais faço é discutir relação e faço isso permanentemente”, comentou o presidente, em resposta à colocação de Aécio, feita ao jornal O Globo. “Com uma base de quase 20 partidos, se você não fizer isso permanentemente, você não consegue manter a base unida. Quando nós tivermos dois ou três partidos, fica mais fácil, mas por enquanto nós precisamos conversar permanentemente.”

Ele afirmou que se mantém em contato constante com todos os partidos que apoiam o atual governo e que, até o impeachment, eram da oposição. “Com os amigos do PSDB, eu tenho conversado com muita frequência, em jantares, encontros que nós tivemos. Eu prezo muito o apoio que o PSDB, que todos os partidos dão, o PSDB, o DEM o PPS, o PMDB e todos, no meu partido.”

Perguntado se era a favor do reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que está em discussão no Senado Federal e é motivo de divisão na base aliada e até mesmo dentro da sigla do presidente, Temer afirmou que pretende esperar que o Senado decida a questão.

“Eu sei que há uma grande divisão no Senado e a minha tarefa será depois da avaliação do Senado. Dependendo do que o Senado decidir, vem para a sanção ou veto. Daí é que eu vou examinar”, explicou o peemedebista. “Por enquanto, eu aguardo a decisão do Senado, vejo que há uma grande divisão, mesmo no PMDB.”

Presidente não contraria papa Francisco

Michel Temer também comentou as declarações feitas no sábado (3) pelo papa Francisco, que pediu orações para o “momento triste” que vive o Brasil. Temer disse acreditar que o pontífice revelou uma preocupação com o país “que todos têm”.

“Acho que ele revelou uma preocupação com o Brasil, uma preocupação que todos temos. Acho que alegria vem pouco a pouco”, afirmou. “Se nós pegarmos que saímos de um instante um pouco complicado, eu não tenho a menor dúvida disso. Foram três, quase quatro meses de uma problemática político-institucional que gerou conflitos.”

Perguntado se o papa estaria equivocado, disparou: “Equivocado, jamais!”.

Compras “vazam” na internet

Mesmo com a agenda apertada Temer, resolveu ir às compras na China neste sábado. A ideia era que fosse passear incógnito, mas o presidente foi flagrado no maior shopping center da cidade de Hangzhou por internautas, que rapidamente espalharam a notícia nas redes sociais chinesas. Ele comprou um par de sapatos de couro e um cachorro-robô, ambos fabricados na China.

No G20, Xi Jinping alerta para “encruzilhada crítica”

Na abertura da cúpula do G20, o presidente da China, Xi Jinping, manifestou preocupação com as perspectivas para a economia do planeta. Ele afirmou que, oito anos depois da crise financeira que atingiu o mundo inteiro, "a economia global chegou a uma nova encruzilhada crítica”. Ele alertou para riscos crescentes de excessiva alavancagem e novas bolhas e chamou a atenção para o aumento do protecionismo.

O presidente Michel Temer garantiu que "o caminho do crescimento está sendo reconstruído" no Brasil e que as medidas tomadas nos últimos meses, quando ainda era interino, já mostram os sinais de retomada da economia. Essas foram as suas palavras na reunião do Brics, grupo que reúne Brasil, Russia, India China e África do Sul, que ocorreu pela manhã.