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Brasil

Diante da esquerda abalada, evangélicos emergem no Brasil, diz Le Monde

O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde desta quarta-feira (28) fala sobre o aumento do número de candidatos evangélicos no Brasil. "Um mês após a destituição de Dilma Rousseff, as eleições municipais de domingo embaralham as cartas", escreve o diário centrista, sugerindo que o mau momento na esquerda brasileira favorece o fenômeno político-religioso.

Matéria publicada no jornal Le Monde desta quarta-feira (28) sobre o fenômeno dos evangélicos na política brasileira.
Matéria publicada no jornal Le Monde desta quarta-feira (28) sobre o fenômeno dos evangélicos na política brasileira. RFI
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O enviado especial do jornal Le Monde ao Rio de Janeiro, Paulo Paranaguá, escreve que, enfraquecido pelos escândalos de corrupção, o Partido dos Trabalhadores (PT) participa com certa discrição das eleições municipais. A legenda conta apenas com 994 candidatos às prefeituras de 5,5 mil cidades brasileiras, a metade do que apresentou no último pleito, em 2011.

Na capital fluminense, "para salvar a pátria", publica Le Monde, Jandira Feghali e Dilma Rousseff apostam na campanha "Fora Temer" com o objetivo de atrair os eleitores revoltados com o atual presidente. Outro destaque da esquerda, diz o jornal, é o candidato do PSOL, Marcelo Freixo, "que construiu uma sólida reputação como defensor dos direitos humanos e crítico das milícias privadas que tentam combater os traficantes".

Mas é na Cinelândia, descreve o repórter, onde o maior cinema virou uma igreja Universal do Reino de Deus, que está a principal estrela das eleições municipais do Rio de Janeiro. O bispo Marcelo Crivella, do PRB, desponta como o candidato favorito à prefeito, e também tem suas próprias estratégias na disputa pela simpatia dos eleitores. "Para esconder sua identidade evangélica, [seu santinho] estampa uma foto em companhia de um cardeal católico e de representantes dos cultos afro-brasileiros", ironiza o texto.

Anos Lula confortaram "otimismo dos evangélicos"

Le Monde também lembra que Crivella foi ministro de Dilma e sua carreira política foi apoiada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria impulsionado o poder deste movimento político-religioso. "A prosperidade dos anos Lula, que tirou milhares de brasileiros da pobreza para se unirem à classe média, confortou o otimismo dos evangélicos", explica o antropólogo Luiz Eduardo Soares, entrevistado pelo jornal.

O resultado é uma revolução "que ameaça séculos de hegemonia católica", diz o antropólogo ao Le Monde, lembrando que o Estado do Rio conta hoje com 40% de evangélicos. Diante da crise econômica e das suspeitas de corrupção que assombram o PT e Lula, "os evangélicos recorrem à sua comunidade, que funciona como um Estado distribuidor de bondade em escala local".

A eleição de Crivella à "antiga capital do Brasil", escreve o repórter, seria um "evento sem precedentes". Entretanto, se integrantes da igreja Universal do Reino de Deus se apresentam como uma opção, a instituição também não escapa das críticas e dos escândalos. Le Monde lembra que o bispo Edir Macedo, líder máximo dos evangélicos, também é acusado de corrupção, sobretudo de enriquecimento ilícito.

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