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Brasil/eleições municipais

Previsão de queda do PT marca eleições municipais no Brasil

Mais de 144 milhões de eleitores brasileiros devem ir às urnas neste domingo para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores que vão integrar as novas Câmaras Legislativas municipais. O primeiro turno das eleições contará com mais de 503.200 candidatos inscritos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o segundo turno acontecerá apenas em municípios com mais de 200 mil habitantes.

REUTERS/Paulo Whitaker
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As eleições municipais serão marcadas pela crise política e também pela violência. Só no Rio de Janeiro, desde novembro, nove pré-candidatos e vereadores da região foram executados a tiros. Em Goiás, na cidade de Itumbiara, um candidato a prefeito, José Gomes da Rocha, foi morto em plena carreata e o vice-governador, José Eliton, levou dois tiros. Cenas de faroeste, inimagináveis em algumas cidades, mas que revelam as profundam desigualdades regionais no país.

“Nos municípios, a população está preocupada com a vida local e nem sempre tem acesso aos grandes veículos. Mas dessa vez, a influência da crise nacional atingiu também o partido localmente e a corrupção foi associada principalmente ao Partido dos Trabalhadores”, explica Gil Castello Branco, presidente da organização não-governamental Contas Abertas. Segundo ele, os interesses nos Estados e nos municípios são muitas vezes diferentes dos caciques políticos de Brasília.

Mas, para aumentar as chances nas eleições municipais, o PT está coligado nas eleições municipais com pelo menos um dos três partidos que defenderam o afastamento da presidente Dilma Rousseff: PMDB, PSDB e o DEM. Segundo ele, em 1683 municípios, o PT fez coligações com supostos “inimigos políticos".

PT será o grande derrotado nas eleições municipais

“Houve um enfraquecimento enorme do PT”, continua o representante da organização. “A legenda disputa prefeituras 19 das 26 capitais, mas segundo as últimas pesquisas, só estava liderando em Rio Branco, no Acre. Nas outras cidades, o partido tem tido dificuldades, porque há maior repercussão dos fatos ocorridos em Brasília.

Há 4 anos, o ex-presidente Lula elegeu o prefeito Fernando Haddad em São Paulo. Hoje ele está em quarto lugar nas pesquisas. "Isso mostra claramente o enfraquecimento do PT”, observa. O presidente da ONG também lembra que o partido terá em torno de mil candidatos concorrendo às eleições, o que mostra uma clara regressão em relação aos pleitos anteriores. O partido voltou ao mesmo nível de 1996.

Eleições Municipais 2016

Tempo de exposição reduzido

Outro aspecto da eleição que vale ressaltar, de acordo com Gil Castello Branco, é o tempo de exposição reduzido dos candidatos. Por conta das Olimpíadas, Paralimpíadas e do impeachment, a campanha das municipais demorou para decolar e só começou há poucos dias.

“Isso naturalmente acaba facilitando quem já está na mídia, ocupando um cargo público, e com alguma notoriedade. O novo candidato terá a dificuldade de se tornar conhecido em pouco tempo. Mas por outro lado, como tivemos uma forte recessão econômica, os últimos quatro anos dos prefeitos foram em geral muito ruins, independentemente do partido aos quais eles pertenciam”, diz. A diminuição da arrecadação federal também acabou impactando a transferência de verba para os municípios, o que prejudicou a gestão dos atuais prefeitos, dificultando a reeleição.

Proibição de financiamento de empresa

Pela primeira vez, lembra o diretor da ONG, o financiamento de empresas foi proibido. Não há mais doações de pessoas jurídicas, apenas físicas. Como o ambiente político se deteriorou no país, com um descontentamento geral em relação à classe política, os partidos se encontram em grande dificuldade para financiar suas campanhas. Essa insatisfação se traduz em uma tendência de um aumento de votos brancos e nulos.

É o caso em São Paulo, onde o número de eleitores que não pretende voltar ultrapassa a previsão de votos do atual prefeito e candidato Fernando Haddad. “As manifestações mostraram isso. Muitos organizadores até proibiam bandeiras de partido”, lembra Gil Castello Branco. “Isso faz com que as doações de pessoas físicas simplesmente não aconteçam. Ninguém está disposto a votar”, explica.

Reforma política

Para este ano, os partidos contam com o Fundo Partidário, orçado em mais de R$ 800 milhões. O valor triplicou para “compensar” a mudança do financiamento. Soma-se a isso a isenção fiscal de R$ 576 milhões – alocados à propaganda eleitoral na TV. “Lembrando que essas publicidades não são gratuitas porque representam isenção fiscal para as emissoras”, acrescenta.

“Se nós considerarmos tudo isso, temos R$ 1,3 billhão em recursos públicos. Com uma ampla reforma política, eles poderiam ser melhor direcionados. Alguns desses recursos chegaram até mesmo a pagar salário de mensaleiro”, diz, em referência aos políticos envolvidos no escândalo. Mais de 35 partidos políticos estão registrados no TSE, um número qualificado pela ONG de “esdrúxulo”, mostrando a necessidade de uma ampla reforma política.

Evangélicos mantém escalada

Os candidatos evangélicos continuam em alta. No Rio de Janeiro, a situação está praticamente consolidada e o bispo Crivella lidera as pesquisas de opinião, com o triplo das intenções de voto em relação ao segundo colocado.

Para Gil Castello Branco, os evangélicos trabalham de “forma unida”. “Os evangélicos consolidaram um grupo muito forte e têm uma certa determinação. Eles escolhem um candidato e conseguem fazer com que os fiéis votem de forma massiva. E essa orientação dada pela cúpula evangélica surte efeito”. Para ele, nos municípios, há uma tendência de crescimento dos representantes evangélicos.

 

 

 

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