Imprensa internacional analisa prós e contras da exploração do pré-sal por estrangeiros
A decisão da Câmara dos Deputados do Brasil de autorizar companhias estrangeiras a participarem sozinhas da exploração do projeto do pré-sal repercutiu imediatamente na imprensa internacional. Alguns jornais dizem que a notícia já era esperada, enquanto outros estimam que a situação econômica do país é uma das responsáveis pela medida.
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O diário econômico francêsLes Echos traz em sua versão online uma reportagem na qual explica todo o processo que terminou com o voto, na quarta-feira (5), do texto do projeto de lei que desobriga a Petrobras de participar dos exploração dos campos do pré-sal. O jornal começa o texto dizendo que essa foi uma “decisão histórica”, pois o assunto é alvo de debates intensos. “Vários deputados do Partido dos Trabalhadores se opunham, temendo que os recursos vitais brasileiras passassem a ser controlados por estrangeiros (...) Mas a situação econômica do país, sob o peso de seu déficit orçamentário, calou essa oposição”, analisa Les Echos.
O diário The Wall Street Journal explica que o voto acontece após meses de debate em um Congresso profundamente dividido. “Os defensores da mudança dizem que o projeto pode atrair capital novo vindo de empresas petrolíferas estrangeiras, em um momento em que a Petrobras está precisando de dinheiro e está com sua capacidade de desenvolver grandes projetos limitada”, comenta o jornal, lembrando a dívida astronômica da estatal no mercado global de petróleo. Por outro lado, os parlamentares da oposição afirmam que limitar a presença da Petrobras, “símbolo de orgulho do país”, no pré-sal, é como “fazer uma doação do patrimônio nacional para capitalistas estrangeiros”.
O site da revista Forbes explica que a decisão já era esperada, e que a decisão abre caminho para novos investimentos na “Petrobras, que está atravessando uma das piores crises de sua história”. Para a publicação, a medida vai fazer com que a estatal “consiga finalmente economizar um pouco de dinheiro”. Além disso, segundo a revista, a decisão seria uma boa notícia para a imagem da empresa, que poderia, em pouco tempo, sair da categoria “especulativa” na qual se encontra.
Será que as empresas estrangeiras vão se interessar pelo pré-sal?
Já Les Echos vai além dos fatos e questiona se as companhias estrangeiras estarão dispostas a fazer grandes investimentos no Brasil, em um momento em que o preço do barril do petróleo despenca e os força a cortar seus gastos. Mas Anne Feitz, que assina o texto, pondera sua própria indagação, lembrando que “o pré-sal brasileiro faz parte das raras novas zonas no mundo onde o custo da produção pode ser limitado, apesar da complexidade das operações” para a extração, e que “essas empresas deveriam considerar com atenção essa hipótese”. Mas tudo vai depender dos campos de petróleo propostos e das regras impostas, comenta a jornalista.
La Tribune, outro jornal econômico influente na França, lembra que em julho passado a Petrobras já havia anunciado a venda de seu primeiro campo do pré-sal para a empresa norueguesa Statoil, por US$ 2,5 bilhões, em um negócio que já tinha como objetivo “pagar sua dívida e financiar investimentos”. O diário ressalta ainda que “o presidente conservador Michel Temer, que chegou ao poder após a destituição de Dilma Rousseff, conta com as privatizações e os importantes cortes orçamentários para relançar a economia instável do país”.
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