Índia sedia cúpula dos Brics em momento econômico delicado para o bloco
Começa neste sábado (15) em Goa, na Índia, a cúpula anual dos Brics. O encontro de dois dias acontece em um momento economicamente delicado e de perda de influência do grupo composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A delegação brasileira, liderada pelo presidente Michel Temer, já está na Índia.
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Das potências emergentes que integram o Brics, apenas a anfitriã Índia apresenta bons resultados econômicos e deve tentar redinamizar o grupo. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia indiana registrará em 2016/2017 uma expansão de 7,6%, nível equivalente ao exercício anual anterior. Rússia e Brasil estão em recessão, uma situação que ameaça a África do Sul. Já o crescimento da China, motor da economia mundial, desacelera.
Os países que integram o Brics representam juntos 53% da população mundial e US$ 16 trilhões de PIB. O grupo foi criado em 2011 para exercer uma influência econômica e política conjunta e contrabalançar a hegemonia das potências ocidentais na gestão dos assuntos globais. Apesar do momento econômico difícil, os Brics ainda representam uma plataforma estratégica útil para as potências emergentes. A Índia, por exemplo, vai pressionar neste fim de semana pela condenação do terrorismo. O objetivo do governo do primeiro-ministro Narendra Modi é pressionar o vizinho Paquistão, que apoia grupos jihadistas anti-indianos.
Investimentos devem dominar reunião
O debate sobre investimentos deve dominar a 8ª cúpula em Goa. Os dirigentes do bloco devem discutir "as perspectivas de crescimento mundial, o papel do grupo e sua contribuição para este crescimento", informou Amar Sinha, do ministério de Relações Exteriores indiano. O aquecimento climático e a segurança regional, também estão na ordem do dia, afirmou.
A Rússia também deve abordar nos debates a situação da Síria, cujo regime Moscou apoia e ajuda em seu combate contra os rebeldes e extremistas, apesar das críticas e denúncias da comunidade internacional. "O terrorismo internacional e o processo de paz na Síria" serão discutidos, indicaram os serviços do presidente russo, Vladimir Putin, em um comunicado.
À margem da cúpula estão previstos encontros bilaterais para conversas mais substanciais. O nacionalista hindu Narendra Modi receberá o presidente chinês Xi Jinping e o russo Vladimir Putin.
Objetivo do Brasil: reforçar intercâmbios comerciais
Michel Temer aproveitará o evento para tentar reforçar os intercâmbios comerciais brasileiros com o resto do grupo. Ao chegar a Goa na madrugada deste sábado, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, disse esperar que o comércio bilateral com a Índia, hoje de US$ 7,9 bilhões, seja triplicado nos próximos anos, com o estreitamento da relação entre os dois países após esse encontro.
Antes do jantar oferecido pelo primeiro-ministro indiano aos outros líderes do grupo, Temer almoça com representantes de sete empresas brasileiras que vão participar da cúpula empresarial dos Brics.
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