Para especialista, PT é grande perdedor das municipais mesmo antes do 2° turno

O RFI Convida conversou com Frédéric Louault, especialista em política brasileira e professor da Universidade Livre de Bruxelas. Na pauta, as eleições municipais brasileiras, cujo segundo turno acontece no próximo domingo (30).

Frédéric Louault, professor da Universidade Livre de Bruxelas e especialista em política brasileira. DR

Para Louault, “houve um efeito importante do impeachment de Dilma Rousseff, que foi finalizado pouco mais de um mês antes das eleições municipais”. “Entre o final de 2015 e agosto de 2016, houve uma estratégia clara por parte de alguns elementos da antiga base de alianças do governo federal de romper com as lealdades iniciais, tendo por detrás disso várias estratégias políticas e eleitorais”, afirmou o especialista.

“Alguns pensavam mais em suas bases eleitorais nos estados, mas também nos municípios, porque pensavam ser candidatos nas eleições municipais de outubro, mas também para proteger apadrinhados, indo no sentido da nova aliança que se estava construindo no novo governo, para poder aproveitar dos recursos, da participação e da proximidade com o futuro governo”, explica Frédéric Louault.

Fragilização do partido

“Podemos ver algumas linhas fortes numa análise dos resultados [do primeiro turno das eleições municipais] em nível nacional, agregado. A linha mais forte é a confirmação da fragilização do PT, que já tinha sido visível no poder, no nível das negociações das alianças e que apresenta uma transcrição entre os dois turnos em termos de resultados eleitorais. O PT é o grande perdedor destas eleições, mesmo antes do segundo turno”, acredita o especialista.

Frédéric Louault é também vice-presidente do Observatório Político da América Latina e Caribe (OPALC) do Instituto de Ciências Políticas de Paris (SciencesPo).