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Brasil/Corrupção

Les Echos: "Transformação da Petrobras é ambiciosa, mas complicada"

A imprensa francesa dedica nesta terça-feira (7) duas matérias à crise no Brasil. O jornal Les Echos analisa a saída da Fnac do Brasil e entrevista o presidente da Petrobras, Pedro Parente. O executivo concluiu recentemente uma aliança estratégica com a francesa Total.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente. José Cruz/Agência Brasil
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Depois do escândalo que causou bilhões de reais de prejuízos à Petrobras, a empresa decidiu ceder ativos e se concentrar na produção de gasolina e gás, relata Les Echos. A francesa Total foi beneficiada por essa situação de fragilidade, arrematando a bom preço uma série de contratos de exploração de campos de petróleo no litoral brasileiro. Mas, segundo Parente, a aliança estratégica com o grupo francês não se restringe a essa atividade.

A Petrobras está interessada na experiência de extração da Total em campos offshore do oeste da África, que possuem a mesma constituição geológica da costa brasileira. Os franceses também poderão compartilhar com a Petrobras sua expertise na extração de gás.

Na entrevista, Parente explica que trabalha com a Total para reduzir os custos de exploração do campo de Libra no pré-sal. Questionado sobre as razões que levaram o Brasil a produzir um escândalo de corrupção dessa magnitude, ele tergiversou, dizendo que o importante é que as instituições estão funcionando e, pela primeira vez, empresários e dirigentes de grandes empresas estão na prisão, o que era inimaginável até pouco tempo atrás.

Apesar dos planos de Parente para reerguer a empresa, Les Echos considera essa tarefa um desafio hercúleo. A imagem da Petrobras foi profundamente abalada pela corrupção. "Salvar a reputação da empresa, reduzir seu endividamento, sanear as finanças e restabelecer um modo de funcionamento 'normal', livre de interesses políticos, é um quebra-cabeças de solução dificílima", avalia o jornal francês.

Falta de visão de longo prazo prejudica investimento estrangeiro

Um país que parecia tão promissor, "tornou-se um terreno minado para os distribuidores de bens culturais e de eletrodomésticos", diz o diário ao analisar a decisão do grupo Fnac Darty de deixar o Brasil. Les Echos lembra que em novembro passado, o grupo Casino, que comprou o Pão de Açúcar, já tinha optado por se concentrar no setor de alimentos, se desfazendo das Casas Bahia e do Ponto Frio.

A recessão prolongada, a perda de poder de compra dos brasileiros e o crédito caríssimo no país tornam as atividades dessas empresas complexas e pouco rentáveis. Outro ponto levantado pela reportagem é que, para certos grupos estrangeiros, a falta de visão do país e dos empresários a longo prazo é simplesmente incompatível com os negócios. Mas nem todos os grupos franceses se dão mal no Brasil, ressalta Les Echos, lembrando que Carrefour, Leroy Merlin e Decathlon continuam investindo e expandindo suas atividades no país.

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