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Brasil/Lula

Lula diz ser “vítima de um massacre” e nega obstrução à Lava Jato

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta terça-feira (14) diante da Justiça Federal ter tentado obstruir as investigações do Petrolão. Interrogado em Brasília, o ex-chefe de Estado se declarou inocente e disse que as acusações contra ele são “falsas”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido nesta terça-feira (14) em Brasília
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido nesta terça-feira (14) em Brasília Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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Em uma sala pequena, porém lotada, com mais de 80 pessoas, Lula negou a acusação de tentar silenciar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Em delação, o ex-senador petista Delcídio Amaral afirmou que o ex-presidente teria tentado “comprar” o silêncio do ex-diretor nas investigações da Lava Jato.

O ex-presidente afirmou que a declaração de Delcídio é uma “ilação” e que não tem nenhuma relação com Cerveró. “Não o conheço, não tinha convivência com ele. Conheço agora que ficou famoso”, disse Lula. “Falo quase com certeza absoluta que Cerveró foi indicado pelo PMDB”, completou.

Lula admitiu ter conversado “muitas vezes” com Delcídio no Instituo Lula, mas de forma institucional. “Quando duas pessoas se encontram, conversam de tudo, de Flamengo a Vasco”. O ex-presidente disse que chamou Delcídio de “imbecil” e ele deve ter tentado revidar. “Resolve jogar a culpa em cima dos outros”, afirmou Lula.

O ex-presidente negou ter recebido propina. “Duvido que tenha um empresário, ou um político que tenha coragem de dizer que eu pedi cinco centavos para eles”, declarou. Para Lula, Cerveró e Delcídio tinham uma relação antiga, mas que seu amigo, o empresário José Carlos Bumlai, não teria relações com Delcídio.

Lula diz que não sabia exatamente quanto ganhava

A audiência na Sessão Judiciária do Distrito Federal começou às 10h17. O ex-presidente chegou sorridente. “Uma bolsa dessas?”, brincou questionando a maleta de seu advogado. Antes de começar a gravação do áudio, o juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, fez uma primeira pergunta sobre os rendimentos de Lula. O ex-presidente não soube responder com precisão, disse que recebia R$ 6 mil de aposentadoria, benefícios de sua esposa, Marisa Letícia, falecida no mês passado, e também recursos de sua empresa por realizar palestras. Receberia em torno de R$ 30 mil reais, podendo chegar a R$ 50 mil reais. “Eu não sei, estou chutando. Meus advogados podem informar depois”, afirmou. Questionado sobre sua profissão, Lula respondeu: “torneiro mecânico”.

Boneco de Lula vestido de penitenciário durante protesto na porta da Sessão Judiciária do Distrito Federal
Boneco de Lula vestido de penitenciário durante protesto na porta da Sessão Judiciária do Distrito Federal RFI/Luciana Marques

Rodeado de advogados e de gravata com as cores verde e amarela, Lula falou de forma articulada. Em alguns momentos demonstrou nervosismo, juntando os papeis que trouxe e colocando e tirando a tampa de uma caneta. Várias vezes desviou o assunto, defendendo o PT e as políticas públicas que implementou quando presidente pela inclusão social e combate à corrupção.

O ex-presidente disse que só participou de política estratégica da Petrobras e que não indicou cargos na estatal. Mas recomendou a nomeação de indicados por partidos políticos a partir da capacidade técnica. Ele disse ainda ser surpreendido por manchetes de jornais e notícias da televisão todos os dias. “Tenho sido vítima de um massacre”, disse. E ironizou: “Prenderam o Papa, vão delatar o Lula”. Ele defendeu que os depoimentos ocorressem numa semana só, “para acabar com essa hipocrisia”. O ex-presidente declarou ainda apoio à Lava Jato: “Quero que vá a fundo”.

O interrogatório durou quase uma hora. Agora o Ministério Público e a defesa terão dez dias para novas diligências, antes das alegações finais. Lula é réu de uma ação penal ao lado de outras seis pessoas. O grupo é acusado de tentar convencer Cerveró a não pedir delação premiada. O procurador Ivan Claudio Marx afirmou após a audiência que o depoimento do ex-presidente pouco influencia na denúncia. “Não se imagina que alguém vá produzir provas contra si mesmo”, disse.

Boneco de Lula vestido de presidiário

A entrada na audiência foi restrita: apenas doze jornalistas tiveram acesso ao local. Os demais ficaram em uma sala em outro andar do edifício. Além de advogados e assessores de Lula, participaram da audiência juízes, integrantes do Ministério Público, policiais e funcionários do tribunal. Foi proibido tirar fotos ou fazer vídeos durante o interrogatório.

A via em frente à Sessão Judiciária do Distrito Federal foi interditada. A segurança foi reforçada com Polícia Federal, Polícia Militar e agentes da segurança judiciária. Do lado de fora, manifestantes levaram um boneco de Lula vestido de presidiário.

 

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