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Manifestações

Brasileiros foram às ruas sem paixão, diz Le Monde

A imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (27) as manifestações anticorrupção de domingo no Brasil. A adesão popular foi menor do que na época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, mas os jornais continuam demonstrando interesse pelas repercussões da Operação Lava Jato.

O jornal Le Monde analisa a fraca mobilização dos brasileiros nas manifestações anticorrupção deste domingo (26).
O jornal Le Monde analisa a fraca mobilização dos brasileiros nas manifestações anticorrupção deste domingo (26). Reprodução
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Com a manchete "Manifestações sem paixão de apoio à Lava Jato", Le Monde relata que os brasileiros foram convocados às ruas pelos mesmos movimentos que organizaram passeatas de massa para defender o impeachment de Dilma Rousseff, "a ex-presidente odiada à frente de um Partido dos Trabalhadores apontado como corrompido", diz o texto. O objetivo era mostrar que a luta contra a corrupção não havia acabado, mas o resultado ficou bem aquém do esperado.

A correspondente do Le Monde em São Paulo, Claire Gatinois, afirma que os manifestantes eram esparsos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Os protestos fracassaram, segundo o vespertino, porque "à reivindicação inicial, que era o apoio à Lava Jato, se aglutinaram demandas confusas, como a liberação do porte de armas e a defesa do retorno dos militares ao poder, "uma situação que criou mal-estar entre os organizadores dos protestos".

Radicalização à direita

Para ilustrar essa radicalização à direita, a correspondente entrevista um casal de aposentados de São Paulo, João Luiz e Sibele Deus Deu, que acreditam que só os militares são capazes de mudar o atual sistema político no Brasil. O casal pretende votar em Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018, "um personagem temível, famoso por suas posições homofóbicas, racistas e machistas", descreve o Le Monde, mas que "de escândalo em escândalo cresce nas intenções de voto, a ponto de figurar em segundo lugar nas pesquisas para a presidência".

Le Monde avalia que "essa deriva pode ser em parte explicada por um sentimento de decepção e desgosto daqueles que apoiaram o impeachment". As últimas revelações da Lava Jato mostram que tanto a esquerda quanto a direita - do ex-presidente Lula passando pelo presidente Michel Temer, por Aécio Neves e pelo governador Geraldo Alckmin - são alvo de denúncias. Falta, então, encontrar "o candidato ideal".

O juiz Sérgio Moro é o herói dos manifestantes, mas ainda não decidiu se vai abraçar a política. Enquanto Moro pensa, o nome em ascensão é o do prefeito de São Paulo, João Doria, que conquistou os paulistanos com a imagem de apolítico, informa o Le Monde.

O jornal Le Parisien também registra a menor mobilização dos brasileiros, explicando que a maior parte das pessoas que estavam nas ruas eram "brancos, de bairros de classe média e alta, vestidos de verde e amarelo, muito diferentes da multidão que saiu de vermelho", há duas semanas, nos protestos organizados pelos movimentos sindicais contra a reforma da Previdência. "Em Copacabana, tinha mais gente na areia do que na passeata", constata o Le Parisien.
 

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