Partidos da base de apoio ao presidente Michel Temer discutem a permanência ou não no governo depois que o deputado Sergio Zveiter foi a favor da investigação do Supremo Tribunal Federal contra o presidente da República por corrupção passiva. Zveiter leu seu parecer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília
Está cada vez mais forte dentro do PSDB a ideia de que o partido deve desembarcar do governo e se desvincular da crise política. Os caciques tucanos se reuniram até tarde da noite desta segunda-feira (10), mas a incerteza continua. Oficialmente o encontro foi inconclusivo porque a legenda só vai anunciar possível saída do governo após reunião da Executiva do partido.
Como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso viaja para a Europa nesta terça-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, marcou uma reunião com FHC e outras lideranças tucanas, como os senadores Aécio Neves e José Serra, o prefeito de São Paulo, João Doria, e o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli. Antes do encontro, Alckmin disse que o partido não precisa de cargos no governo para aprovar reformas. Até agora, o PSDB contabiliza seis votos contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça. Apenas o deputado Paulo Abi-Ackel votaria a favor do presidente.
Encontro com FHC
O presidente Michel Temer tentou marcar um encontro com Fernando Henrique Cardoso, mas por enquanto não teve sucesso. Na segunda-feira, Temer passou mais um dia em agenda com políticos. Entre eles, o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira. Ele me disse, após a conversa, que o governo está bem confiante e que os seguintes partidos estão fechados com Temer: PP, PR, PSD, PRB, PTB e PMDB. Ciro Nogueira garantiu a Temer que todos os deputados do PP vão votar a favor do presidente na CCJ e que, no plenário, há quase unanimidade no partido. O senador ainda disse que, mesmo que os tucanos deixem o governo, o PP deve manter o apoio e ressaltou que seu partido tem 47 deputados, um a mais do que o PSDB.
O deputado Nelson Marquezelli, do PTB, disse que o partido está fechado com Michel Temer. O deputado Paes Landim - que é do PTB e assim como Marquezelli, membro da CCJ - e afirmou que ainda está lendo os argumentos de acusação e defesa. Já os deputados do PMDB farão um voto paralelo, um contraponto ao do relator Zveiter, que apesar de ser do PMDB, foi a favor da admissibilidade da denúncia contra Temer. O Palácio do Planalto anda desconfiado mesmo com o Democratas. Como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, assume no lugar de Temer caso a denúncia seja investigada no STF, a fidelidade da legenda ao governo não é garantida.
Para a oposição, esta é a primeira derrota do Planalto na Câmara – e começo do fim do governo Temer. Mas os oposicionistas questionam a troca de titulares na CCJ, que pode garantir votos a favor de Temer. O deputado Glauber Braga, do PSOL, também reclama da pressa do governo para que a votação ocorra ainda em julho. "A gente não pode aceitar este tipo de blindagem que está sendo feita pela cúpula do governo, uma operação salvação do governo Michel Temer".
A Comissão de Constituição e Justiça volta a se reunir na próxima quarta-feira. A base de Temer calcula que 39 deputados serão a favor do presidente, garantindo sua vitória. A oposição calcula 28 votos contra Temer. Lembrando que a decisão final será do plenário.
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