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“Lula é o plano A, B e C do Partido dos Trabalhadores”, diz Gleisi Hoffmann

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), recém empossada em 5 de julho como presidente do Partido dos Trabalhadores, abriu e fechou a coletiva de imprensa desta quinta-feira (13) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro. Ela conversou com a RFI Brasil logo após o evento, direto da sede nacional do PT, no centro de São Paulo.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) abriu a coletiva de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede do PT Nacional, em São Paulo.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) abriu a coletiva de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede do PT Nacional, em São Paulo. Paulo Pinto/AGPT
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RFI Brasil: O ex-presidente Lula não pareceu mostrar sinais de abatimento durante a coletiva, apesar da condenação do juiz Sérgio Moro, dentro das investigações da Lava-Jato. A senhora tem um acesso privilegiado ao ex-presidente. Como ele está se sentindo nesse momento?

Gleisi Hoffmann: O ex-presidente está muito sereno, e isso é natural daqueles que são inocentes. E indignado ao mesmo tempo com a injustiça. Mas também está com espírito de combatividade e de enfrentamento inigualável. Não parece que tem 71 anos. Eu acho que essa injustiça serviu inclusive para estimulá-lo a enfrentar ainda mais essa situação, e a lutar pelo povo brasileiro. Porque na realidade o que nós temos hoje é uma injustiça contra o povo brasileiro. Nós voltamos a ter fome, problemas sociais, estão tirando os direitos do povo. E o ex-presidente disse isso em alto e bom som: que ele está disposto agora a se colocar como candidato do partido, e eu acho que isso é fundamental porque ele não é mais só o candidato do PT, mas de uma parcela expressiva do povo brasileiro.

RFI Brasil: Lula aproveitou a coletiva de imprensa para se lançar oficialmente como pré-candidato à presidência da República. Quais os riscos para o PT na sua opinião, como presidente do partido, de ter um candidato que enfrenta batalhas jurídicas?

GH: Sim, e nós achamos ótimo.  Nós não vemos risco, porque essa condenação do Lula é uma condenação política, ela não tem base no processo. Nós vamos denunciar uma condenação política. Uma eleição sem Lula é uma fraude, nós vamos denunciar isso. Uma parte considerável do Brasil estará mobilizada. Nós estamos recebendo apoio internacional de vários países, vários partidos e movimentos. Não vamos aceitar politicamente uma sentença judicial sem base jurídica.

RFI Brasil: Vimos uma intensa mobilização popular na época da condução coercitiva do ex-presidente [março de 2016], com populares que chegaram a se deslocar até o apartamento de Lula em São Bernardo do Campo, para prestar apoio ao ex-presidente. Não temos visto a mesma mobilização neste momento. O que a senhora acha que aconteceu?

GH: Não estamos desmobilizados. Na realidade já esperávamos [a condenação], e Lula até falou isso, que não havia como [o juiz] Sérgio Moro dar outra sentença, ele é refém do que havia declarado para a imprensa [anteriormente] e não tinha como não entregar o que prometeu. Obviamente começaremos agora num crescendo dos movimentos e vamos ter mobilizações. Já marcamos uma agora para o dia 20 de julho, em vários lugares, mas principalmente aqui em São Paulo.

RFI Brasil: Além da suposta fragilidade política da sentença do juiz Sérgio Moro, existe uma questão moral acerca da relação, digamos, perniciosa, entre empresas privadas e o poder público, inclusive durante os mandatos de Lula. Como a senhora vê essa questão?

GH: Nós tínhamos um modelo de financiamento de campanha, então era natural que se fizesse uma relação. Acho que uma coisa positiva da Lava-Jato, entre as poucas coisas positivas até agora, foi acabar com o financiamento privado de empresas para as campanhas eleitorais. E acho que isso vai melhorar muito. Então não dá para fazer um julgamento moral se havíamos uma regra eleitoral, uma regra legal. Era assim o jogo, era com financiamento privado. E acho que tivemos vários problemas em razão disso. Mas acho que estamos caminhando exatamente para resolver essa questão.

RFI Brasil: Existe um ‘plano B’ para o PT, além do ex-presidente Lula?

GH: Não, não e não. Lula é o plano A, B e C do Partido dos Trabalhadores. Já disse, não vamos aceitar uma eleição sem Lula, seria uma fraude eleitoral. Estão retirando da vida política quem tem mais preferência eleitoral. E sem base legal, isso vamos denunciar, e denunciar um processo eleitoral que não o aceite como candidato.

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