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Lula

Haddad diz que esquerda brasileira está na mira e que é preciso apostar na democracia

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) viajou a Curitiba nesta quarta-feira (28) para se encontrar com Lula, cuja caravana foi alvo de tiros na véspera. Ao chegar à capital paranaense, vindo de São Paulo, Haddad falou com exclusividade à RFI. O ex-prefeito e provável substituto de Lula na campanha presidencial, caso este seja impedido, disse que a única coisa possível a se fazer diante da escalada da violência política é apostar na democracia.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), no Instituto Lula.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), no Instituto Lula. Ricardo Stuckert
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“Existe hoje no Brasil uma força que ganhou expressão política. Ela sempre existiu, mas não conseguia se expressar politicamente”, disse o ex-prefeito da maior metrópole brasileira.

“Mas hoje a extrema-direita tem um canal de expressão real, que são as candidaturas de extrema-direita no Brasil, paricularmente a de Jair Bolsonaro (PSL). E este pessoal agora está começando a se sentir à vontade não só para expressar suas ideias, mas para agir, como historicamente age em situação de tensão social. E é o que está acontecendo no Brasil hoje, é uma extrema-direita que está se sentindo à vontade para agir em função do fato de que eles têm uma representação na disputa presidencial”, avalia.

Sobre se o ataque à caravana petista teria relação com o assassinato de Marielle Franco e se a esquerda brasileira estaria na mira, o ex-prefeito disse que “num certo sentido, sim”.

“Está se destravando um processo social em que as pessoas violentas começam a se sentir à vontade e pensam estar represerntando um ideal. Então não é uma articulação, é um processo. Se você me perguntar se há um comando para que estas coisas aconteçam, eu diria que não, não há um comando centralizado. Há um processo social em curso, em que pessoas violentas começam a se sentir bastante à vontade para agir desta maneira”, afirma.

Haddad evita falar como substituto de Lula

Apesar de já ter sido apontado pelo próprio Lula como seu substituto caso o ex-presidente seja impedido de concorrer à eleição, Haddad diz não trabalhar com esta hipótese. “Nós trabalhamos com a possibilidade de ganhar o habeas corpus no dia 4 (de abril) e levar a candidatura do Lula a registro no dia 15 de agosto.”

Diante da fragilidade deste processo conta o Lula, eu tenho certeza de que o Judiciário, as instâncias superiores vão se sensibilizar com a argumentação jurídica, técnica a favor da sua candidatura”, aponta.

Sobre a reação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que disse que o PT estaria "colhendo o que plantou", Haddad relatou ter sentido estranhamento quando soube.

“Eu até estranhei a manifestação do governador, que me parecia uma pessoa democrática. Ali me pareceu que ele tentou angariar apoio destes setores radicalizados da sociedade e ele vai perder a sua própria base fazendo isso. Se ele insistir nesta ideia de que para ganhar a extrema-direita ele tem de fazer este tipo de aceno, ele nem vai ganhar os votos do Bolsonaro nem vai manter os poucos que ele tem”, opina.

Para a escalada de violência na política brasileira, a receita, segundo ele, é apostar na democracia. “Eu vim aqui para Curitiba, onde todas as forças democráticas vão se fazer representar em defesa da democracia. Porque é disso que nós estamos falando. Nós não estamos falando mais apenas de um programa de governo, nós estamos falando de um programa de Estado, o que nós queremos da Constituição do Estado brasileiro”, declarou.

“Os democratas estarão em Curitiba defendendo o Estado democrático de direito, que foi conquistado a duríssimas penas, depois de longas trevas representadas pela ditadura militar”, concluiu.

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