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Brasil

Le Figaro critica demora de Lula em se entregar à PF em Curitiba

Os próximos episódios relacionados com a prisão do ex-presidente Lula continuam chamando a atenção da imprensa francesa. Com chamada de primeira página e matéria interna de página inteira, o jornal conservador Le Figaro diz nesta segunda-feira (9) que "finalmente Lula se entregou", depois de desafiar a Justiça durante dois dias.

O ex-presidente Lula chega à sede da Polícia Federal em Curitiba, dia 7 de avril de 2018.
O ex-presidente Lula chega à sede da Polícia Federal em Curitiba, dia 7 de avril de 2018. REUTERS/Ricardo Moraes
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Na avaliação do Le Figaro, os partidários do petista quiseram dar ao cerco ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo "ares de resistência", mas adversários viram no atraso "um capítulo ruim de novela, mais histérico do que histórico", como descreveu um internauta citado pelo jornal. Le Figaro declara não saber quanto tempo Lula permanecerá preso. Talvez ele seja libertado logo, mas como foi indiciado em outros seis casos, e "um deles poderá ser julgado no final de maio", o petista corre o risco de acumular outras condenações, informa Le Figaro.

O site da revista Le Point, de linha editorial conservadora, destaca que os advogados de Lula ainda têm cartas na manga para usar nos próximos dias. O primeiro teste virá na quarta-feira (11), explica a revista, quando o Supremo Tribunal Federal poderá rever a jurisprudência de 2016, que autorizou a prisão após condenação em segunda instância. Se prevalecer que a ordem de prisão só poderá ser executada após esgotamento dos recursos, Lula poderá ser solto, explica a publicação. A Le Point se refere ao juiz Sergio Moro como "inimigo íntimo de Lula", e afirma que ele surpreendeu a todos ao decretar com tanta celeridade a prisão de Lula.

Bolsonaro pode aproveitar descrença de eleitores, diz Le Monde

Já a edição impressa do Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta segunda-feira, traz um perfil de Jair Bolsonaro e explica que o pré-candidato da extrema-direita pode aproveitar a descrença dos eleitores após a prisão de Lula.

"O deputado machista e homofóbico", favorável à pena de morte e ao porte de armas, celebrou a detenção de Lula, relata Le Monde. O vespertino, que fala de Bolsonaro como o "Trump Tropical" ou a "Marine Le Pen do Brasil", diz que o militar "sabe que passa, agora, de desafiador a favorito na corrida presidencial".

Ouvido pelo jornal francês, o cientista político Rudá Ricci resume: Bolsonaro seduz os agricultores do sul, os jovens de São Paulo, e os membros das gangues do Rio de Janeiro, com uma extrema-direita que não é estruturada, mas que tem chances reais de ser eleita.

Le Monde também recorda que Lula permanece o candidato favorito à presidência nas eleições de outubro, com 35% de intenções de voto, segundo pesquisas. Sem ele, o PT obteria apenas 3% de votos. A corrida presidencial continua indefinida.

Mélenchon: "golpe de Estado judiciário"

O jornal Les Echos publica entrevista concedida pelo líder da esquerda radical francesa Jean-Luc Mélenchon, na qual, além de assuntos internos franceses, ele reagiu ao encarceramento de Lula. Mélenchon considerou a condenação do ex-presidente "um golpe de Estado judiciário" cometido pela "oligarquia" brasileira e pelos Estados Unidos para impedir seu retorno ao poder.

"Lula é acusado de ser corrupto: eu digo que isso é uma mentira", declarou Mélenchou à rádio Europe 1. "Esse foi um meio que a oligarquia e os Estados Unidos da América encontraram para impedi-lo de ser candidato e de ganhar, de novo, uma eleição e de fazer uma política favorável aos pobres, aos humildes e aos oprimidos, que são em maior número no Brasil", completou o político francês.

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