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"O Brasil frente ao risco do pior", diz artigo do Le Monde

O Jornal francês Le Monde publica nesta quarta-feira (6) uma análise com o título:  "o Brasil frente ao risco do pior". O texto da correspondente em São Paulo, Claire Gatinois, reúne a opinião de simpatizantes do Partido dos Trabalhadores acampados em Curitiba, em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção.

O Brasil diante da guerra ideológica pré-eleições.
O Brasil diante da guerra ideológica pré-eleições. REUTERS/Nacho Doce
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Um atirador foi filmado no local disparando contra os manifestantes. Antes da condenação do líder petista, um ônibus da caravana de Lula também havia sido alvo de tiros.

Segundo a presidente do PT, “a situação de violência e intolerância no Brasil é muito grave”. Gleisi Hoffmann afirma que os movimentos de esquerda no país estão em risco.

O artigo cita ainda a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, após denunciar a violência policial, casos de racismo e de homofobia em favelas cariocas. O crime comoveu a sociedade e até hoje as motivações do ataque contra a parlamentar não foram desvendadas.

Num país onde uma pessoa é assassinada a cada nove minutos, entrar na política pode ser perigoso. Estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro aponta que 79 candidatos em campanha foram assassinados entre 1998 e 2006.

Guerra ideológica pré-eleições

O Le Monde destaca que o Brasil vive um momento de fortes embates ideológicos entre uma esquerda, que se considera injustiçada, e uma direita defensora do liberalismo econômico e desapontada com os recentes casos de corrupção que assolam o país.

Segundo a correspondente do jornal francês, a situação de ódio é alimentada pelos escândalos de desvio de dinheiro público, que atingem boa parte dos partidos políticos e pela irritação de uma parte da burguesia que, segundo a autora, não aceita os avanços sociais para uma parcela pobre dos brasileiros.

Ainda segundo o artigo publicado hoje na imprensa francesa, a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, poderia ter acalmado os ânimos. Isso se o sucessor, o atual presidente Michel Temer, não tivesse empurrado o país ainda mais em direção ao caos político, ético e econômico. 

Enquanto isso, as vésperas de eleições gerais em outubro, a população demonstra profundo descrédito nos partidos tradicionais, o que abre espaço para discursos autoritários e mesmo um certo saudosismo do período da ditadura militar. Isso explicaria, por exemplo, a boa projeção de votos conquistada pelo pré-candidato Jair Bolsonaro, que aparece nas pesquisas apenas atrás de Lula. O texto lembra que até pouco tempo a notoriedade do deputado e militar da reserva se restringia à uma parte da população.

A autora cita, ainda, declaração de outro pré-candidato à presidência, Guilherme Boulos, do PSOL. Ele diz que: "como defensor da pena de morte e do rigor moral, Bolsonaro significa o que a sociedade brasileira tem de pior" .

Segundo o artigo, a extrema direita, ainda desorganizada, é inflamada por uma esquerda que se diz perseguida pela justiça, numa espécie de luta de nós contra eles na qual nenhuma moderação parece ser aceitável.

 

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