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Brasil/Bolsonaro

“Bolsonaro faz campanha dentro do hospital no Brasil”, diz Le Monde

Segundo o jornal francês, em edição que chega às bancas nesta segunda-feira (10), o candidato se tornou o “mártir” da extrema-direita no Brasil. “Desta guerra entre dois Brasis, sairá um vencedor”, afirma Le Monde.

Apoiadores de Jair Bolsonaro inflam boneco do candidato em frente ao Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 7 de setembro de 2018.
Apoiadores de Jair Bolsonaro inflam boneco do candidato em frente ao Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 7 de setembro de 2018. REUTERS/Nacho Doce
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“Ontem alvo de seus adversários por seus ataques contra as mulheres, os homossexuais e os negros, Jair Bolsonaro se tornou intocável [após ser esfaqueado]”, diz o jornal Le Monde. O vespertino afirma que a campanha para as eleições presidenciais no Brasil continua depois do “drama”, “mais agressiva e brutal do que nunca”.

Le Monde relata durante a matéria o conteúdo de dois vídeos postados pela equipe do candidato, “ferido sobre o leito do hospital”. “Vemos o capitão da infantaria, com a voz trêmula, agradecer a Deus, jurando ‘nunca ter feito mal a ninguém’”, relata o jornal, ressaltando que “alguns [brasileiros] falam de um jogo de cena indecente, outros saúdam a coragem da vítima”.

Segundo a correspondente do periódico no Brasil, Claire Gatinois, ainda é cedo para avaliar as consequências políticas da agressão que poderia ter tirado a vida do candidato do Partido Social Liberal (PSL). “Mas a maioria dos analistas, com certeza mais comedidos do que [seu filho] Flávio Bolsonaro, preveem uma progressão nas pesquisas de intenção de voto”, diz.

Le Monde afirma que o PSL busca soluções alternativas para continuar a campanha de Jair Bolsonaro. Uma delas seria colocar em destaque o candidato à vice, o general Hamilton Mourão. “Mas o homem, conhecido por ter declarado que, em caso de caos, os militares deveriam ‘impor uma solução’ – uma alusão a um possível golpe de Estado militar-, poderia assustar os indecisos”, analisa.

“Onipresente”

“Mesmo ausente, recluso em seu quarto de hospital, Jair Bolsonaro é onipresente”, escreve o jornal francês. “Num país onde a televisão é crucial para ganhar uma eleição, o candidato pode ser visto na abertura de todos os jornais televisivos, ao mesmo tempo que seu estado de saúde ou o avanço da investigação sobre seu agressor são acompanhados minuto a minuto pelos canais de informação, ininterruptamente”, publica o vespertino.

Le Monde recorda ainda que Geraldo Alckmin, candidato da “direita moderada”, teve que rever sua estratégia, “retirando seus vídeos de campanha onde ataca implicitamente o representante da extrema-direita, criticando as referências às armas de fogo”. Lula, que para o jornal francês, era u, “protagonista virtual” da campanha, “passa ao segundo plano”. “Como a esquerda, que comparava o ex-chefe de Estado a um ‘prisioneiro político’, a extrema-direita tem agora o seu mártir”, avalia.

O jornal lembra que “as tropas” de Bolsonaro não hesitam em qualificar o autor do ataque com a faca de “comunista”, enquanto o suspeito, que foi durante certo tempo filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), apresenta “indícios de problemas mentais”. “Desta guerra entre dois Brasis, sairá um vencedor”, diz Le Monde, que questiona se a progressão previsível de Bolsonaro, cansado dos políticos tradicionais e da ingerência do Estado, poderia lhe oferecer uma vitória na eleição presidencial.

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