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Eleição 2018

Imprensa europeia prevê segundo turno apertado e aconselha Haddad a buscar o centro

Foi por pouco que Jair Bolsonaro (PSL) não venceu a eleição no Brasil no primeiro turno, diz nesta manhã, em peso, a imprensa europeia.  

A imprensa europeia diz em peso que foi por pouco que Jair Bolsonaro não venceu a eleição no Brasil no primeiro turno.
A imprensa europeia diz em peso que foi por pouco que Jair Bolsonaro não venceu a eleição no Brasil no primeiro turno. Fotomontagem RFI
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Na França, o jornal conservador Le Figaro relata que "fiel a si mesmo, Bolsonaro declarou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque só não venceu no primeiro turno em razão das urnas eletrônicas". "O candidato da extrema direita deve seu sucesso ao apoio maciço dos evangélicos e principalmente à classe política brasileira em estado de dissolução, mais preocupada nos últimos meses em se defender de acusações de corrupção do que interessada em legislar", destaca o diário.

O jornal gratuito 20 Minutos diz que o duelo no segundo turno para suceder o impopular Michel Temer será o resultado de uma atração de eleitores pelos extremos, concomitante ao colapso do centro, incluindo o grande PSDB de Geraldo Alckmin.Le Monde e o jornal católico La Croix assinalam que Fernando Haddad (PT) tem pouca chance de dar uma guinada no segundo turno, mas faz a ressalva que tudo é possível nessas eleições imprevisíveis de 2018.

Na Alemanha, o conservador Süddeutsche Zeitung anota a vitória clara do populista de direita no primeiro turno, mas prevê um segundo turno bem mais apertado. Haddad poderá reunir o apoio dos candidatos menores, conforme previram as pesquisas recentes. "Os mais desfavorecidos no Brasil ainda lamentam a perda de Lula, que lançou programas sociais abrangentes para os pobres", ressalta o Süddeutsch Zeitung.

O britânico The Guardian afirma que só uma grande aliança pode derrotar Bolsonaro no segundo turno. Na avaliação de especialistas, cita o diário, Haddad deve se posicionar como "um campeão de centro da democracia se quiser contar com uma guinada".

O italiano Corriere della Sera fala em um primeiro turno muito tenso e agressivo no Brasil, com os eleitores da quarta maior democracia do mundo "contra tudo". Bolsonaro dominou com "uma vaga plataforma de liberalismo na economia e mão dura contra o crime e as minorias". O ex-capitão reúne apoio com um discurso populista e anticorrupção, enquanto Haddad defende o fim da intolerância, do racismo e dos ataques aos direitos dos trabalhadores, resume o jornal italiano.

Na Espanha, El País escreve que a questão de 1 milhão é saber se Bolsonaro irá procurar o centro, uma vez que seu extremismo de direita já o levou até onde chegou, e se compensa fazer esse movimento para diminuir sua rejeição de 44% do eleitorado. Quanto a Haddad, ele vai aprofundar os ataques contra o ex-militar, a quem ele acusa de não respeitar os direitos humanos e de lançar o Brasil num retrocesso de 40 anos, escreve El País.

O português Público explica que o Nordeste levou Haddad ao segundo turno, enquanto o resto do Brasil rendeu-se a Bolsonaro. "A onda da nova direita radical varreu o Brasil nestas eleições. Haddad terá de tricotar uma aliança das forças democráticas em três semanas para resistir ao candidato de extrema-direita", acrescenta.

Principal manchete nas rádios e na Tv francesa

Principal manchete nos jornais matinais das rádios públicas francesas, a emissora France Inter, por exemplo, relata que Bolsonaro "massacrou seus adversários como uma onda que arrasta tudo por onde passa". A âncora explica que o capitão da reserva é racista, misógino, homofóbico, nostálgico da ditadura, admirador de Donald Trump e defende o ultraliberalismo e a liberação do porte de armas como soluções para o país. "Ele demoniza a esquerda latino-americana e captou a exasperação da população farta com a crise econômica e a violência", arremata a rádio France Inter.

O canal de TV France 24 diz que Bolsonaro conseguiu a votação expressiva que teve em razão de seu silêncio. Ele diz que é contra a corrupção, mas não explica como vai combatê-la. Insulta mulheres, homossexuais e constroi um personagem extravagante. "É alguém que nos faz lembrar uma certa Alemanha dos anos 1930, diante de uma população atordoada e pronta para ser manipulada", disse o comentarista político da emissora. A esquerda perde porque não soube se renovar. "São as eleições da intolerância, de homens brancos do sul e sudeste do Brasil, com renda confortável de 5 a 10 vezes o salário mínimo, a classe média brasileira que busca sua revanche por ter se sentido excluída pelos governos sociais do PT", explica o cientista político Jean Jacques Kourliandsky, especialista na América Latina.

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