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Haddad luta no segundo turno com a energia do desespero, afirma Le Monde

O jornal francês Le Monde que chegou às bancas na tarde desta terça-feira (16) aborda a performance do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República, Fernando Haddad. O diário chama a atenção para o esforço do ex-prefeito da cidade de São Paulo, que segue batalhando contra Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), no segundo turno das eleições presidenciais.

Fernando Haddad, após participar do primeiro turno das eleições presidenciais
Fernando Haddad, após participar do primeiro turno das eleições presidenciais REUTERS/Ueslei Marcelino
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"Ele retirou o vermelho de seus panfletos, cor marcada pelo comunismo, tirou o rosto de Lula e reconheceu os erros de seu partido", diz a jornalista Claire Gatinois. O texto ressalta o uso da bandeira brasileira por Haddad durante uma coletiva de imprensa, visando ofuscar Bolsonaro, "rei do patriotismo", segundo a matéria da correspondente do jornal no Brasil.

"Faltando treze dias para o segundo turno das eleições, o herdeiro de Lula se agita com a energia do desespero num clima de derrota", explica o texto. "A eleição terminou", diz o cientista político Ruda Ricci, entrevistado pela jornalista. "Steve Bandon, responsável pela campanha de Donald Trump nos Estados Unidos, se mostrou contente ao ver o Brasil se preparar para se juntar a seu 'movimento mundial' de nacional-populismo, durante uma entrevista", continua Claire Gatinois.

Le Monde destaca que a "onda Bolsonaro" foi subestimada no primeiro turno e engoliu o candidato Fernando Haddad, que revolucionou sua campanha para o segundo. Uma manobra julgada tardia pela maior parte dos analistas. "No dia seguinte ao primeiro turno, [Haddad] estava mais uma vez na cela de Lula, buscando conselhos do 'pai dos pobres'", afirma o jornal.

O candidato do PT se deu conta, entretanto, que dava a imagem de uma marionete do ex-chefe de Estado. Seu combate atual passa pela negação de seu mentor, que foi condenado a doze anos de prisão por corrupção. A atitude se explica, segundo Le Monde, pelas diversas críticas feitas por Jair Bolsonaro ao PT e à alusão de que o partido de esquerda tem o projeto de transformar o Brasil numa "Venezuela".

Campanha tradicional do PT não superou militância de Bolsonaro nas redes sociais

O artigo traz uma análise de Ruy Fausto, professor de filosofia na universidade de São Paulo, que ressalta a imensa dificuldade enfrentada atualmente por Haddad frente ao movimento conservador e nacionalista. O especialista afirma que o país está "doente" e que "Bolsonaro é um fenômeno sociológico complexo ligado aos erros do PT, mas também ao de outros partidos afundados em casos de corrupção.

A campanha de Haddad e do PT, mais tradicional, focou somente nas ferramentas usuais de comunicação, como cartazes ou divulgação na televisão, aponta Le Monde. Enquanto isso, a equipe de Bolsonaro, com poucos recursos, invadiu as redes sociais, em especial o aplicativo para smartphone WhatsApp. Nesse contexto, Haddad sofreu diversas falsas acusações, as famosas "fake news". Uma delas, por exemplo, envolveu o projeto do petista de 2011, quando ele era ministro da Educação, de distribuir manuais contra a homofobia – que nas conversas de grupos online se transformou num “kit gay” para educar as crianças sobre a homossexualidade ou incitar a pedofilia.

Le Monde cita por fim uma frase recente de Haddad sobre as fake news: “Eu recebo cada coisa a meu respeito que quase desisto de votar em mim. É muita mentira", disse o candidato do PT ao jornal El País.

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