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“Brasileiros não sabem o que é ditadura”, diz Bolsonaro após falar com Viktor Orban, líder húngaro da extrema direita

Após uma conversa telefônica com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, da extrema direita, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (19) que “os brasileiros não sabem o que é a ditadura”. Ele também disse que a Hungria “sofreu muito com o comunismo no passado”.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban ©REUTERS/Vincent Kessler
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"É um país que sofreu muito com o comunismo no passado. É um povo que sabe o que é ditadura, o povo brasileiro não sabe o que é ditadura. Não sabe o que é sofrer na mão dessas pessoas", disse Bolsonaro sobre a Hungria.

O diálogo entre os dois dirigentes aconteceu antes de uma coletiva de imprensa diante do domicílio de Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Questionado sobre o que pensava das medidas restritivas de Orban contra os migrantes, o presidente eleito preferiu evocar a situação no Brasil.

“Eu fui contra à última lei de imigração nossa, que transformou o Brasil em um país sem fronteiras. Não podemos admitir a entrada indiscriminada de quem quer que seja aqui simplesmente porque quer vir para cá”, disse. O Brasil é um dos destinos dos venezuelanos que fogem da crise em seu país, mas não é a nação mais afetada na América Latina.

Bolsonaro afirmou que as relações exteriores do Brasil não seriam motivadas por questões ideológicas, mas isso não o impediu de anunciar sua intenção de se aproximar de países como Estados Unidos, Itália, Israel ou Chile, nações com as quais tem mais afinidade.

Hungria foi sancionada pela UE por não respeitar direitos fundamentais

Em uma ação inédita no dia 12 de setembro, o Parlamento Europeu decidiu abrir um processo contra a Hungria por “risco de grave violação dos valores e direitos fundamentais” no país. A decisão, aprovada pelos eurodeputados por 448 votos a favor, 197 contra e 48 abstenções, propôs ao Conselho Europeu a ativação do artigo 7º do Tratado de Lisboa. O que, a longo prazo, pode retirar de Budapeste o direito de voto nas decisões essenciais do bloco europeu.

Do partido nacionalista de centro-direita Fidezs, Orban foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo no ano passado, com 50% dos votos. Com a vitória, o Fidezs obteve uma maioria de dois terços no Parlamento, o que tem ajudado Viktor Orbán a conseguir mudanças legais e constitucionais para aumentar o controle sobre os tribunais e outras instituições do Estado.

Autoritário e xenófobo, a principal bandeira de Orban é a luta contra a imigração ilegal. No auge da crise humanitária na Europa, em 2015, mandou construir cercas de arame farpado ao longo das fronteiras com a Sérvia e a Croácia para impedir a entrada de refugiados.

Nos últimos tempos, a Hungria e Polônia estão entre os países do bloco que mais se beneficiaram dos fundos comunitários europeus. Talvez este seja o único aspecto positivo que ambos governos populistas veem na UE: o do bloco como uma máquina de fazer dinheiro.

O próximo orçamento da Comissão Europeia 2021-2027 será de € 1,27 trilhão. Há quatro meses, o executivo europeu anunciou sua estratégia de que os países da UE que violarem o Estado de direito perderão o acesso aos fundos regionais de desenvolvimento. Para o repasse dos recursos, Bruxelas exige o respeito ao estado de direito – em especial, a independência do Judiciário e o acolhimento de refugiados. Duas questões inegociáveis para a Hungria de Viktor Orbán e a Polônia do PiS.

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