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Europa/Brasil

“A Europa precisa ter medo do Brasil?”, pergunta jornal La Croix

A política agrícola atual e do novo governo no Brasil está em debate na edição desta segunda-feira (26), do jornal La Croix. Para o diário, a intensificação do modelo dedicado à exportação, parte do programa de Jair Bolsonaro, pode ter consequências ecológicas e sociais desastrosas.

O jornal francês La Croix dedica reportagem e análise sobre a questão agroindustrial e ecológica no Brasil.
O jornal francês La Croix dedica reportagem e análise sobre a questão agroindustrial e ecológica no Brasil. Fotomontagem RFI
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O jornal francês foi verificar de perto a expansão do setor agroindustrial, baseado em uma modelo extensivo e de monocultura. O exemplo mais gritante é o da soja. Em dez anos, a superfície dedicada a essa cultura aumentou 59%, sendo que uma grande área foi conquistada engolindo parte da floresta tropical do Mato Grosso, explica La Croix.

“O Brasil é um faroeste onde tudo pode ser feito”, declarou um grande produtor à reportagem.

Ministra "musa do veneno"

La Croix lembra que o novo presidente abraça as reivindicações da poderosa bancada ruralista, em troca de apoio importante. A indicação de Tereza Cristina da Costa para o ministério da Agricultura reflete essa opção. “O objetivo é expandir o modelo existente, eliminando alguns freios que ainda resistem”, explica Marion Daugeard, do Centro de Pesquisas e Documentação sobre as Américas. A nova ministra, chamada “musa do veneno”, também defende com unhas e dentes um projeto de lei para ampliar o uso de pesticidas.

O jornal francês chama também atenção às novas leis que podem ter impacto ambiental de grandes proporções em relação ao desmatamento, lembrando que Bolsonaro já escancarou publicamente seu desprezo pelas áreas protegidas das comunidades indígenas e promete atacar a questão da ocupação de propriedades pelo MST.

“Será que esses programas podem ajudar o Brasil a sair da crise e ajudar no desenvolvimento de um país minado pela pobreza e desigualdade?”, pergunta La Croix. “Se essas políticas forem aplicadas, o resultado será um efeito positivo a curto termo”, diz o economista Georges Dib, da seguradora Euler Hermes. “Um modelo dedicado à exportação não é durável, pois depende da demanda exterior”, diz Floriane Louvet, encarregado da ONG CCFD-Terra Solidária.

"Acordo com Mercosul é nocivo"

Em carta aberta, o deputado europeu Eric Andrieu, do grupo Aliança de Socialistas e Democratas, expõe seu temor diante do quadro de desmatamento, uso abusivo de adubos e pesticidas, cultivo de OGMs e a pecuária industrial e sem rastreamento.

Para ele, as negociações comerciais entre a Comissão Europeia e o Mercosul ameaçam diretamente o modelo agrícola e rural europeu. “A Europa não pode mais continuar a promover essa visão liberal de um mercado sem reguladores”, diz. “A Europa não pode negociar com um país que não respeita as regras impostas aos produtores europeus. É uma ameaça para a sociedade”, acrescenta.

Já Odilson Luiz Ribeiro e silva, secretário das relações internacionais para o agroindustrial no ministério da Agricultura, também em carta aberta, reclama da falta de flexibilidade dos europeus. “A agricultura brasileira é moderna e respeita regras sanitárias exigentes”, afirma. O secretário espera que um acordo EU-Mercosul seja assinado antes do final do ano. “Jair Bolsonaro vai respeitar a legislação”, garante.

 

 

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