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Brasil

“Aerococa” repercute na imprensa francesa: “desgoverno” de Bolsonaro está abalado

A prisão de um sargento do Exército na Espanha, que levava 39 quilos de cocaína na comitiva do presidente Jair Bolsonaro em viagem ao Japão, ganha destaque na imprensa francesa nesta sexta-feira (28). O jornal conservador Le Figaro ressalta a avalanche de críticas irônicas que o presidente recebeu na internet, onde os memes associaram o chefe de Estado a um líder de quartel da droga, se transformando em “Bolsonarcos”.

“Brasil: a lua de fel de Bolsonaro” é o título do artigo no jornal Libération
“Brasil: a lua de fel de Bolsonaro” é o título do artigo no jornal Libération Fotomontagem RFI
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O apelido faz referência à série da Netflix Narcos, sucesso de audiência também na França e que retrata a vida de um dos traficantes mais famosos do mundo, o colombiano Pablo Escobar. O diário francês observa que, poucas horas depois da divulgação da notícia, o hashtag Aerococa tomou conta da internet no Brasil.

“Constrangido por esse caso dentro do seu próprio país, Bolsonaro, que foi eleito pela postura contra a corrupção e pela determinação em acabar com os ‘narcos’ do Brasil, foi obrigado a tomar distância do militar em questão” e prometeu que o sargento será investigado e julgado, ressalta a matéria. 

Economia mal e popularidade em baixa

Já o jornal progressista Libération publica um artigo de um antropólogo e um sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no qual eles discorrem sobre a possibilidade de Bolsonaro não conseguir chegar ao fim do mandato. “Brasil: a lua de fel de Bolsonaro” é o título do texto, que explica que “a situação econômica desastrosa do país, a falta de governança política e a queda de popularidade vão rapidamente provocar uma crise de regime”.

Os autores do texto, o belga Frédéric Vandenberghe e o francês Jean-François Véran, notam que, depois de os estudantes conseguirem se impor e reunificar a oposição para protestar contra as primeiras medidas do governo, o caminho se abriu “para um cenário mais otimista: o de que Bolsonaro não vai aguentar”.

Nesse contexto, notam os pesquisadores, se as instituições, como o STF e o Congresso, e os contrapoderes, como a imprensa e a oposição, funcionarem e colocarem um fim a este “desgoverno”, existe um “risco real” de um golpe de Estado no Brasil, com repressão violenta da oposição.

Impeachment à vista?

Por outro lado, assinala o texto publicado em Libération, “se as instituições do Estado de direito continuarem a ser abaladas, a sua desintegração vai se desviar suavemente para o autoritarismo”. A terceira via, escrevem os autores, seria seguir no modelo da experiência democrática iniciada após o fim da ditadura, que conduziria ao impeachment de Bolsonaro e, depois de uma presidência interina do general Mourão, resultaria em novas eleições.

“O papel da sociedade civil nesse terceiro cenário será determinante”, indica o artigo, ressaltando que a reação dos bolsonaristas à mobilização dos estudantes demonstrou que “a luta será longa”, mas poderá resultar no fim das “tentativas de impor pela força uma ‘revolução conservadora’ no país”.

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