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Hospitais de Rondônia lotam com pacientes atingidos por fumaça de queimadas na Amazônia

Os dias passam e o fogo na Amazônia não dá sinais de se retrair, apesar da atuação dos bombeiros. Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro proibiu novas queimadas agrícolas por 60 dias, na expectativa de frear a multiplicação dos incêndios. Em Rondônia, um dos Estados mais afetados pelo problema, os hospitais lotam de pacientes com problemas respiratórios, causados pela fumaça que vem da floresta.

Uma vista aérea mostra a fumaça subindo sobre um terreno desmatado da selva amazônica em Porto Velho, Rondônia, Brasil (24/08/2019)
Uma vista aérea mostra a fumaça subindo sobre um terreno desmatado da selva amazônica em Porto Velho, Rondônia, Brasil (24/08/2019) REUTERS/Ueslei Marcelino TPX
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Oriane Verdier, enviada especial da RFI a Porto Velho

A intensidade da nuvem de fumaça baixou após a chegada da chuva, mas o céu de Porto Velho ainda está coberto pela fumaça. Nas ruas da cidade, a tensão social e política que reina no Brasil é palpável: tanto os bombeiros quanto representantes do Ibama estão proibidos de falar com a imprensa oficialmente. Ambientalistas e representantes de organizações indígenas denunciam ameaças recebidas de apoiadores do presidente Bolsonaro.

Em um hospital de Porto Velho visitado pela redação de RFI, crianças e idosos são os que mais chegam em busca de atendimento por problemas respiratórios em consequência das queimadas na região. Os pacientes recebem oxigênio no corredor principal do hospital, como o idoso Vitório, que teve de parar o trabalho na lavoura por falta de fôlego.

“Estou há mais de uma semana com sintomas parecidos com os de gripe. Não consigo trabalhar porque tem fumaça demais”, conta o trabalhador rural. “Estou com a voz rouca e ela não era assim antes”, afirma, antes de interromper a conversa para receber oxigênio.

Perto da floresta, mas sem ar puro

O enfermeiro Roberto explica que, a cada temporada das secas, o número de pacientes com esses sintomas cresce – mas, neste ano, constata que há mais casos. “Recebemos mais pessoas com problemas respiratórios, e mais casos graves também. Tivemos pacientes muito jovens que tivemos de entubar imediatamente porque eles corriam risco de morte”, afirma Roberto. “Não havia isso nos anos anteriores. O ar está mais seco e tem mais fumaça, porque tem mais fogo. A gente imagina que, por morar perto da floresta, o ar seria mais puro. Mas aqui, na Amazônia, as pessoas têm muitos problemas respiratórios e deveria ser o contrário.”

O profissional percebe uma sensação de abandono pela população: o tema das queimadas na Amazônia não sai dos jornais e dos discursos dos políticos, mas nenhuma medida preventiva para os próximos anos foi anunciada até agora – nem para conter os incêndios, tampouco para atender melhor os pacientes.

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