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Pesquisadores formam rede para divulgar acervos estrangeiros sobre cultura brasileira

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Um grupo de pesquisadores brasileiros, sob impulso de Antonio Dimas, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, articula a criação de uma rede internacional para identificar e divulgar os acervos existentes no exterior sobre a cultura brasileira.

O pesquisador Antonio Dimas.
O pesquisador Antonio Dimas. RFI
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O tema foi abordado durante um painel durante o 2° Congresso da Associação de Brasilianistas na Europa (ABRE), que acontece em Paris. O evento reuniu os pesquisadores Leopoldo Bernucci, da Universidade California at Davis, Paulo Batista, da Universidade de Évora, Simona Binková, da Universidade Carolina, de Praga, Claudia Poncioni, da Universidade Sorbonne-Nouvelle, de Paris, e Antonio Dimas, que também atuou como moderador do painel.

“Somos pesquisadores e profissionais da cultura brasileira, seja ligada à História, Antropologia, Política, Literatura, ou Fotografia, entre outras áreas. Cada um está acostumado a trabalhar em seus países com arquivos de material brasileiro, resultado de viagens de intelectuais, viajantes e outros, que levaram uma documentação que está guardada na França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália e muitos outros países ”, explica Dimas em entrevista à RFI.

Ainda em estágio embrionário, a proposta inclui a criação de uma rede para informar sobre a variedade de acervos mantidos no exterior de relevância histórica e documental, que se encontram dispersos em universidades ou instituições para-acadêmicas.

O projeto, segundo Dimas, surgiu de sua experiência pessoal com uma pesquisa na Universidade Texas-Austin. Ao se debruçar sobre o arquivo do americano Alfred Knopf, que publicou diversos autores brasileiros nos Estados Unidos, ele descobriu uma série de relatos, trocas de correspondências e contratos que revelam os bastidores das negociações entre a editora e muitos escritores brasileiros como Jorge Amado, Gilberto Freyre, Antonio Cândido, entre outros. Pouco conhecido, esse acervo, se melhor divulgado, poderá servir para futuras investigações.

“Existe uma ambição. A proposta ainda está em fase germinal, mas já deu resultados concretos”, diz Dimas, em referência à ampliação dos contatos e dos interessados em formalizar rede de informação.  

A ideia de constituir uma rede para dar visibilidade ao que chama de “tesouros escondidos”, foi lançada há três anos em um evento reunindo pesquisadores e brasilianistas da Brown Universidade , nos Estados Unidos. O Congresso da ABRE, em Paris, permitiu ampliar um pouco mais a extensão dessa rede. No painel, pesquisadores revelaram acervos na Europa e nos Estados Unidos relevantes para pesquisas.  

Na República Tcheca, por exemplo, Simona Binková, da Universidade Carolina, mostrou documentos iconográficos da cartografia do Brasil nos séculos 17 e 18 e a participação dos naturalistas botânicos tchecos em uma expedição científica ao Brasil em 1817.

Nos Estados Unidos, Leopoldo Bernucci, da Universidade California at Davis, apresentou as coleções de John Casper Branner, com manuscritos e mapas de estudos do Brasil no final do século 19, e de Ludwig Lauerhass, cujo acervo de 4 mil itens reúne documentos importantes sobre a história, antropologia e sociologia brasileiras do século 20.  

Acervos mais acessíveis

Apesar de ter origem no meio acadêmico, Antonio Dimas diz que a intenção da rede é ser acessível aos alunos e pesquisadores, mas futuramente ser aberto a outros profissionais. “ Sabemos que o jornalismo tem muito interesse na história. Vamos criando um público devagar. A marca desse trabalho não é a pressa. Começamos com literatura, mas abrimos para outras áreas como sociologia, história e até a fotografia. Futuramente, queremos trabalhar também com arquivos de universidades e instituições, mas não com arquivos governamentais. Por enquanto não, mas pode ser mais tarde”, conclui.

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