França tem seu seu primeiro “bebê medicamento”
Durante a fecundação in vitro os cientistas manipularam os embriões para que o bebê pudesse curar um de seus irmãos portador de uma doença grave após seu nascimento. A experiência provoca críticas, principalmente das autoridades religiosas francesas.
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O primeiro bebê medicamento francês nasceu no dia 26 de janeiro numa família turca, residente no sul da França, afetada pela beta-talassemia, uma forma grave de anemia encontrada em populações da região do Mediterrâneo. O bebê foi concebido pelo método da fecundação in vitro, o que permitiu aos médicos selecionar embriões não-portadores da doença antes da implantação no útero da mãe. Batizado Umut-Talha (nossa esperança, em turco), o bebê nasceu no hospital Antoine-Béclère, próximo de Paris.
Graças à este método de diagnóstico genético pré-implantatório, a equipe médica, dirigida pelo professor René Frydman, também se certificou que o futuro bebê seria um doador compatível com um de seus irmãos, igualmente afetado pela doença. O tecido sanguíneo do cordão umbilical do bebê medicamento, conservado após o parto, poderá ser utilizado para um transplante no irmão mais velho.
A talassemia, ou anemia do Mediterrâneo, é uma doença genética que se caracteriza pela produção inadequada de hemoglobina, substância que transporta o oxigênio para todo o corpo. Em sua forma grave, a talassemia obriga o paciente a receber transfusões de sangue para combater o cansaço, a irritação e a prostração, sintomas comuns da doença.
Críticas
O anúncio do nascimento do primeiro bebê medicamento francês foi recebido com críticas por várias autoridades religiosas do país. O arcebisto de Paris, André Vingt-Trois, acusa os médicos de utilizarem “um ser humano para servir os outros”. Para Christine Boutin, ex-ministra da moradia e representante do Partido Cristão Democrata, a medicina deu um passo extremamente grave. “Eu parabenizo a proeza técnica, mas alerto para o fato de que uma pessoa foi concebida simplesmente para ser usada”.
O primeiro bebê medicamento francês é resultado da aprovação da lei de bioética, em vigor desde dezembro de 2006 no país. A primeira experiência desse tipo no mundo aconteceu há mais de dez anos nos Estados Unidos. Na Europa, Reino Unido, Bélgica e Espanha tiveram nascimentos bem-sucedidos.
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