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Saúde/OMS

Embutidos e carnes vermelhas são acusados de provocar câncer

O consumo de produtos embutidos e de outras carnes processadas é cancerígeno, anunciou nesta segunda-feira (26) a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS). As "carnes vermelhas" também foram classificadas como "provavelmente cancerígenas", embora os cientistas não saibam ainda por quê.

A carne embutida, como a presente em hamburgers, provoca câncer, afirma relatório de agência da Organização Mundial da Saúde.
A carne embutida, como a presente em hamburgers, provoca câncer, afirma relatório de agência da Organização Mundial da Saúde. United States Department of Health and Human Services
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A agência da OMS explica que as conclusões contidas nesse novo relatório estão baseadas na "literatura científica acumulada" e examinada por "um grupo de trabalho de 22 especialistas de dez países". "A carne processada foi classificada como cancerígena para o ser humano, com base em indícios suficientes segundo os quais seu consumo provoca câncer colorretal", afirma a Iarc.

A maioria das carnes processadas contém porco ou carne bovina, mas pode proceder de outras carnes vermelhas, ou de aves, vísceras ou subprodutos da carne como o sangue, explica a Iarc. Como exemplo de carnes processadas, a Iarc cita hot-dogs ou salsichas de Frankfurt, presunto, linguiças, carne enlatada, carne seca, assim como carnes em conserva e os preparados e molhos à base de carnes.

Perigo das carnes vermelhas

Além disso, carnes vermelhas foram catalogadas como "provavelmente cancerígenas para o ser humano, com base em indícios limitados, segundo os quais seu consumo induz ao câncer". Por "carnes vermelhas", o relatório afirma que devem ser entendidos "todos os tipos de carne procedentes de tecidos musculares" de mamíferos, incluindo as carnes bovina, suína, ovina, equina e caprina.

O fato de incluir embutidos e carnes vermelhas no grupo de agentes que provocam câncer, como o tabaco ou o amianto, não significa que esses produtos alimentares tenham o mesmo grau de periculosidade. De acordo com estimativas recentes de um organismo de pesquisa independente citados pela agência AFP, 34 mil mortes por câncer no mundo, por ano, podem ser atribuídas a uma alimentação rica em embutidos, contra 1 milhão de mortes causadas pelo cigarro, 600 mil pelo álcool ou 200 mil pela poluição.

O risco de câncer aumenta conforme a quantidade de carne consumida, explica o médico Kurt Straif, da Iarc. Segundo dados de uma dezena de estudos, "cada porção de 50 gramas de embutido consumido diariamente aumenta o risco de câncer colorretal de 18%", enquanto o mesmo tipo de tumor maligno pode crescer 17% para cada porção de 100 gramas de carne vermelha, incluindo a de porco, afirma o relatório.

A agência da OMS reconhece, contudo, que ainda não se sabe por que a carne vermelha e os embutidos aumentam o risco de câncer. Especialistas suspeitam que os agentes cancerígenos sejam componentes químicos que se formam durante o processo de transformação das carnes.

Carnes também têm vantagens

Apesar dessas conclusões, os autores do relatório não recomendam uma dieta vegetariana, lembrando que tanto as dietas ricas em carnes vermelhas quanto em vegetais têm "vantagens e inconvenientes diferentes para a saúde". Eles lembram que as carnes fornecem proteínas, ferro, zinco e vitaminas do complexo B.

"O consumo de carne é provavelmente um dos muitos fatores que contribuem para as altas taxas de câncer de intestino observadas nos Estados Unidos, Europa Ocidental e Austrália", diz por sua vez Ian Johnson, um pesquisador britânico independente. Ele observa, no entanto, que "há pouca ou nenhuma evidência de que os vegetarianos no Reino Unido têm um menor risco de desenvolver câncer de cólon do que comedores de carne".

A avaliação da Iarc foi imediatamente criticada pela indústria da carne, já acusada de favorecer o aquecimento global, contribuindo para as emissões de metano. Esse gás com efeito estufa é produzido pela digestão dos ruminantes.

A avaliação "desafia o senso comum", respondeu o Instituto Americano da Carne (Nami), que representa o setor. O instituto ressalta que "a ciência tem mostrado que o câncer é uma doença complexa que não é causada simplesmente pela comida".

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