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Ciência

Estudo mostra que mentir pode se tornar um hábito perigoso

Quanto mais mentimos, mais nos sentimos confortáveis com essa situação. Esse é o resultado de um estudo que mostra que o comportamento do mentiroso tem o efeito de "bola de neve" e é resultado de um mecanismo biológico que o facilita.

Gravidade e frequência da mentira pode aumentar caso ela se torne um hábito.
Gravidade e frequência da mentira pode aumentar caso ela se torne um hábito. Flickr/Creative Commons
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De acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (24) na revista Nature, desenvolvido pelo departamento de Psicologia Experimental da University College London (UCL), ao deformar a verdade, o autor da mentira sente um certo desconforto. Mas essa sensação desaparece à medida que mentir se torna um hábito, dando margem à criação de histórias cada vez mais irreais.

"Essa é a primeira vez mostramos de forma empírica que um comportamento desonesto aumenta com as repetições", declarou um dos autores do estudo, Neil Garret. "Seja em casos de infidelidade, dopping no esporte ou fraudes fiscais, os mentirosos começam com pequenos atos que têm o efeito de bola de neve com o tempo", explica outro responsável do estudo, Tali Sharot.

Para realizar a pesquisa, o comportamento de 80 adultos, de 18 a 55 anos foi analisado. Com ajuda de um parceiro, os cobaias deveriam adivinhar a quantidade de dinheiro em um pote, em troca de uma recompensa que receberiam. A partir daí, diversos cenários foram analisados: se a desonestidade sobre o conteúdo do pote beneficiaria o participante e prejudicaria seu parceiro, se beneficiaria ambas as partes, se beneficiaria o parceiro e prejudicaria participante, se beneficiaria apenas o participante sem afetar o parceiro ou se beneficiaria o parceiro do estudo sem afetar o participante.

De acordo com os autores do estudo, "as pessoas mentem mais quando a desonestidade é interessante para ela e para outras pessoas". Quando a mentira pode prejudicar os outros e não apenas a si mesmos, os indivíduos tendem a mentir menos. No entanto, a maior parte dos voluntários da pesquisas se mostraram propensos a mentir cada vez mais.

Reação da mentira no organismo

Para compreender o que acontece no cérebro das pessoas, 25% das cobaias realizaram um exame de ressonância magnética durante a experiência. Os pesquisadores perceberam que a amígdala cerebral, associada às emoções, se mostra mais ativa quando os indivíduos mentem por interesse pessoal. Mas, no início, "ela produz um sentimento negativo que limita a gravidade da mentira", diz Sharot.

Mas, a cada nova mentira, a resposta desta parte do cérebro diminui. "É uma espécie de adaptação emocional", reitera o pesquisador, lembrando que "as pequenas modificações da verdade podem resultar em uma escalada e se tornar mentiras importantes".

Para Garret, os resultados do estudo mostram que a amígdala cerebral pode reagir a atos que consideramos "ruins ou imorais". Segundo ele, apenas comportamentos desonestos foram avaliados na experiência, mas "o mesmo princípio pode ser aplicado a outros fatores, como reações de risco e violentas".

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