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"Depois da zika, febre amarela ameaça o Brasil", diz jornal francês

O jornal francês Le Figaro dedicou, na edição desta quarta-feira (29), uma reportagem à epidemia de febre amarela no Brasil.

Mulher se vacina contra a febre amarela
Mulher se vacina contra a febre amarela Agência Brasil
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"Antes restrito à floresta, o vírus da febre amarela atingiu a população da cidade litorânea de Casimiro de Abreu, a 150 km do Rio, e já matou 162 pessoas", começa o texto.

No dia 11 de março, o município virou notícia quando um pai de família de 38 anos, Watila Santos, faleceu da doença. Um dos seus vizinhos foi hospitalizado e quatro pessoas ficaram sob observação.

Segundo o jornal, o vírus pode se tornar devastador caso chegue à metrópole fluminense. A doença chegou ao Brasil por meio do tráfico negreiro, levada pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus provocou epidemias letais até que o país erradicasse a doença nos anos 1950, usando produtos químicos contra os mosquitos.

“Desde então, o vírus ficou confinado à floresta, com a transmissão ocorrendo apenas entre mosquito e macaco”, explica Anna-Bella Failloux, responsável do laboratório Arbovirus do Instituto Pasteur de Paris.

Eventualmente aconteceu um caso em humanos, mas eram eventos isolados. “Diferentemente dos macacos africanos, os sul-americanos morrem de febre amarela”, diz a especialista. “A cada ano o vírus se aproxima mais das cidades. ”

Mortalidade de mais de 30%

Ainda não há explicações concretas desse aumento de incidência entre os homens: no dia 24 de março, o Ministério da Saúde comunicou 2014 casos notificados, dos quais 492 confirmados.

Desse total, morreram 162 pessoas, e 94 falecimentos são classificados como suspeitos, sem levar em consideração os casos assintomáticos. Os casos foram registrados em estados considerados livres da doença: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Depois da dengue, do chikungunya e da zika, é a hora de a febre amarela assombrar o Brasil. Se os casos forem confirmados, a doença matou mais de 30% das pessoas contaminadas.

A situação brasileira inquieta outros países. No dia 8 de março, Anthony Fauci, diretor do Instituto Americano de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que havia risco de casos importados provocarem epidemias em territórios como Porto Rico.

“Porém é altamente improvável uma epidemia nos Estados Unidos continental, onde a densidade de mosquitos é baixa”, escreveu na revista médica New England Journal of Medicine.

Na França, o Conselho de Saúde Pública anunciava um risco “real” nos territórios das Antilhas e de Mayotte, “baixo” na Ilha Reunião e “muito baixo” nos departamentos da França metropolitana onde há a presença do mosquito Aedes albopictus, primo do Aedes aegypti.

Vacinação

Não existe nenhum tratamento contra a febre amarela. A única solução para controlar a doença é a vacinação da população, medida adotada pelas autoridades brasileiras. A vacina é altamente eficaz, com 99% de proteção 30 dias após a aplicação.

“Ela deve se tornar obrigatória para quem viaje ao Brasil, como já é o caso na Guiana Francesa”, diz Anna-Bella Failloux.

O Le Figaro diz que o único problema é a falta de oferta. “Quatro fabricantes no mundo são capazes de produzir a vacina segundo as normas da Organização Mundial da Saúde. Um grupo internacional encarregado de fornecer a vacina teve dificuldade em atender aos pedidos no ano passado após uma epidemia em Angola”.

Outro problema é que, mesmo nas zonas onde o risco é baixo, os médicos devem aprender a reconhecer a doença. O quadro clínico dificulta o diagnóstico: depois de um período de incubação de três a seis dias, há um estado febril pouco específico.

Mas, depois de algumas horas ou dias, uma fase tóxica atinge entre 15% e 20% dos doentes. A febre volta, associada a hemorragias, insuficiências hepática e renal, amarelamento da pele e problemas cardiológicos e neurológicos.

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