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Aids/menina

Aids: menina soropositiva vive com saúde aos 9 anos

Especialistas do mundo todo estão reunidos em Paris para o 9° IAS, o Congresso Mundial de Pesquisa Científica Sobre a Aids. Durante quatro dias, de 23 a 26 de julho, os cientistas discutem descobertas, pesquisas e perspectivas para o vírus que já matou 35 milhões de pessoas desde a década de 1980.

®https://www.flickr.com/photos/andrewstevensh/
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O caso de uma menina sul-africana, nascida soropositiva, e que hoje vive com boa saúde, sem necessidade de medicação, foi divulgada nesta segunda-feira (24). O único tratamento recebido, durante alguns meses, foi quando ela era recém-nascida.

O dr. Mark Cotton, da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, explicou, em entrevista exclusiva à RFI, que a pequena paciente foi submetida a 40 semanas de tratamento antirretroviral, que foi interrompido pouco antes do primeiro aniversário. “Quase nove anos depois, sem tratamento, a carga viral da paciente atingiu um nível indetectável no sangue”, diz.

A equipe sul-africana acredita que essa remissão se dá por conta do sistema imunitário e do genoma da criança, dados que ainda precisam ser determinados, mas que trazem otimismo. “Achamos que o caso vai trazer uma injeção de moral no continente africano, além de enfatizar a importância de diagnóstico e tratamento precoces para crianças”, acrescenta Cotton.

“Este novo caso reforça nossas esperanças de poder um dia poupar crianças soropositivas de um pesado tratamento por toda a vida”, comentou Anthony Fauci, diretor do Instituto Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), que participou do estudo.

O caso da menina sul-africana é apenas o terceiro caso registrado no mundo de remissão em crianças. “Uma recidiva é sempre possível, assim como a remissão completa. Mas o fato de que neste caso a remissão dure tanto tempo, há a esperança de que seja durável”, explicou Avy Violari, da Universidade de Witwatersand, em Johanesburgo, que também integra a equipe do projeto.

Boas notícias

Outra boa notícia dessa epidemia que durante décadas intrigou o mundo científico é que é que as mortes relacionadas à Aids diminuíram cerca de 50% na última década.

O médico brasileiro Luiz Loures, diretor Executivo Adjunto do Unaids, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, destacou em entrevista exclusiva à RFI Brasil que “metade das mais de 36 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV no mundo têm acesso a tratamento”. Ele acrescenta que essa “é uma mudança fundamental, e que não era o caso há poucos anos”.

Outro procedimento citado por Loures e que está em destaque em vários painéis do congresso em Paris é o da profilaxia de pré-exposição, conhecida como PrEP, que deve ser administrado diariamente, com o objetivo de proteção no caso de uma possível exposição ao vírus. Estudos apontam que as PREPS impediram em mais de 90% dos casos a infecção pelo vírus HIV. “Não é a solução, mas, sem dúvida, um grande avanço do ponto de vista da proteção das populações mais vulneráveis”, analisa Loures.

Profilaxia no Brasil

A pesquisadora Inês Dourado, da Universidade Federal da Bahia, expõe um trabalho sobre a disposição de mulheres e representantes de outras minorias sexuais e de gênero a utilizar a PrEP na região nordeste. De 127 pessoas recrutadas, 91% das candidatas se disseram dispostas a adotar o protocolo. O estudo conclui que a utilização do PrEP por essa população pode ser grande quando o dispositivo for oferecido pelo sistema público de saúde.

Thiago Silva Torres, da Fundação Oswaldo Cruz, também trata do papel da PrEP no estudo sobre “atitudes de risco e percepções de prevenção ao HIV em uma amostragem em dez capitais do Brasil de homens que fazem sexo com homens”. A contaminação entre essa população continua aumentando no país, principalmente entre os homens mais jovens.

A pesquisa aborda a influência de aplicativos pela internet, como Hornett e Grindr, que estimulam encontros sexuais. O trabalho mostra a urgência de campanhas de prevenção no país e da inclusão de PrEP no sistema público de saúde.

A 9ª Conferência IAS sobre Ciência do HIV (IAS 2017), a maior conferência científica aberta sobre assuntos relacionados ao HIV e Aids do mundo, acontece no Palais des Congrès, em Paris, França, e deverá reunir cerca de 6 mil representantes de diferentes regiões do mundo.

 

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