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Saúde em dia

Testosterona: um hormônio essencial para o equilíbrio da mulher

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O excesso ou a falta do hormônio masculino pode provocar menstruação irregular, problemas para engravidar e acentuar sintomas na menopausa.

A professora de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Patricia Gonçalves.
A professora de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Patricia Gonçalves. (Foto: Divulgação)
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Produzido nos ovários e nas glândulas suprarrenais em pequena quantidade, a testosterona aumenta a libido, ajuda a aumentar a massa muscular e tem um papel fundamental na função reprodutiva. Em quantidade exagerada, pode provocar acne, aumento de peso queda de cabelo e aumento da pilosidade – os pelos no corpo. A RFI Brasil entrevistou a ginecologista brasileira Patrícia Gonçalves, professora da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que tirou todas as dúvidas sobre as funções da testosterona no organismo da mulher.

RFI Brasil – Fala-se muito do papel do estrogênio e da progesterona para a saúde da mulher. E a testosterona? Qual é o papel dela no equilíbrio da feminino?

Dra Patrícia Gonçalves – A testosterona é um hormônio masculino produzido pela mulher assim como o estrogênio é um hormônio feminino produzido pelo homem. Quando ela está em baixa quantidade, a mulher pode ter diminuição da energia, fadiga, letargia, cansaço, falta de energia para praticar exercícios físicos, baixa libido e pouca lubrificação, porque há um desequilíbrio dos hormônios sexuais.

RFI – Em quais casos os hormônios são dosados?

PG - Dosamos a testosterona na adolescência e na jovem quando há uma Síndrome dos Ovários Policísticos (distúrbio que leva à formação de cistos, fazendo com que o orgão aumente de tamanho), irregularidade menstrual ou no climatério e na menopausa. A mulher pode ter alterações hormonais e uma delas pode ser a baixa testosterona. Isso gera manifestações no organismo, como secura vaginal e diminuição da contratividade muscular da vagina, que fica lisa e hipoestrogênica, sem a contração vaginal que auxilia no orgasmo.

RFI – Isso significa que quando há uma alteração da testosterona também há mudanças na produção da progesterona e do estrogênio?

PG – Normalmente, quando há uma alteração do eixo hormonal, a mulher tem uma manifestação em conjunto. No caso do Ovário Policístico, por exemplo, tem um aumento da testosterona e uma baixa do estrogênio, do FSH e do LH, que são, respectivamente, o hormônio folículo-estimulante, responsavel pela formação do ovulo, e o luteinizante, que libera o óvulo. Essa descompensação gera aumento da testosterona e sintomas como acne, aumento de peso e queda de cabelo.

RFI – Uma menina que teve Ovário Policístico pode ter menos descompensação da testosterona no climatério?

PG - Sim, por conta dela ter mantido o androginismo, que é o aumento do hormônio masculino, ela pode não ter essa queda tão abrupta na época do climatério e da menopausa.

RFI – A gravidez pode regular os hormônios da mulher que tem testosterona demais?

PG - No caso da Síndrome do Ovário Policístico, essa mulher terá dificuldade para ovular por conta do aumento do hormônio masculino e da diminuição do hormônio feminino. Com esse desequilíbrio, ela não ovula com regularidade. Por conta disso, deve ser tratada, equilibrando os níveis hormonais, para que possa ovular constantemente, mensalmente. Assim poderá engravidar. Mas é comum observarmos um equilíbrio hormonal natural no pós-parto de pacientes que apresentavam o distúrbio.

RFI - A pílula anticoncepcional continua sendo o tratamento para essa síndrome?

PG- O aumento da testosterona na Síndrome do Ovário Policístico normalmente cursa com uma resistência à insulina e uma intolerância à glicose. Como se fosse um pré-diabetes. Isso favorece o aumento da testosterona e a diminuição do estrogênio.Também como tratamento do Ovário Policístico utilizamos um hipoglicemiante, que equilibra a glicose. Isso é um tratamento eficaz. O anticoncepcional com estrogênio vai neutralizar o hormônio masculino, fazendo com que o ovário adormeça e não fique produzindo os hormônios de forma irregular e produza os cistos. Já o hipoglicemiante vai equilibrar os níveis de glicose, melhorar a função do pâncreas, equilibrando os hormônios FSH e LH e a testosterona. Com isso ela vai ovular. A duraço do tratamento dependerá de cada paciente, combinado à dieta e exercícios físicos.

RFI – Existem outros distúrbios mais raros?

PG - Quando há uma baixa da testosterona no climatério costumamos repor, adequadamente, de acordo com a queixa individual. Por exemplo, uma mulher que se queixa de diminuição da libido. Ela pode melhorar com um hormônio de gel, absorvido pela microcirculação da pele. O hormônio será absorvido no nível ideal para que ela possa manter o desejo sexual.

RFI – E a pílula sem estrogênio pode ajudar nos sintomas no climatério?

PG - Pode, mas essa pílula não vai corrigir os problemas ligados à testosterona, por conter apenas a progesterona. Por isso o hormônio de gel é indicado.

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