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Espetáculos, concertos, exposições e conferências ao redor do mundo comemoram este ano o centenário de "A Sagração da Primavera", a composição de Igor Stravinsky coreografada por Nijinski que se tornou um marco na história da arte do século 20. Em Paris, as festividades chegam ao auge na próxima quarta-feira, quando o Teatro des Champs-Elysées abrigará uma representação da coreografia original exatamente cem anos depois da estreia da peça. 

O balé do Teatro Mariinsky de São Petersburgo apresenta em Paris a coreografia original de Nijinsky para "A Sagração da Primavera".
O balé do Teatro Mariinsky de São Petersburgo apresenta em Paris a coreografia original de Nijinsky para "A Sagração da Primavera". Natasha Razina
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No dia 29 de maio de 1913, a elite parisiense se reuniu no recém-inaugurado teatro des Champs-Elysées para ver mais um espetáculo dos Balés Russos de Serghei Diaghilev, sem saber que a noite entraria para a história da música e da dança. Era a estreia da Sagração da Primavera, uma composição de Igor Stravinsky coreografada pelo mítico bailarino Vaslav Nijinsky.

Revolucionária, a obra provocou desmaios, gritos e insultos. Foi um verdadeiro tumulto, como relembrou o próprio Stravinky em uma entrevista nos anos 60: "O público gritava, assobiava e vaiava desde o início. Os espectadores tinham vindo para ver balés tradicionais, como 'Sherazade' ou 'Cleópatra', e se depararam com 'A Sagração da Primavera'. Ficaram muito chocados", contou o compositor.

"A Sagração da Primavera" afunda suas raízes no folclore eslavo e na rica tradição musical russa. Na época, não se sabe se é a música ou a coreografia que provoca mais escândalo. Enquanto a partitura extraía novos sons de instrumentos familiares e tomava liberdades com o ritmo, os dançarinos quebravam todas as regras do balé tradicional: em vez das graciosas pontas, por exemplo, os pés eram virados para dentro.

Legado

Nesses cem anos, a composição de Stravinsky se tornou uma obra cultuada pelos maiores maestros e criar sua própria versão da Sagração da Primavera virou uma espécie de rito de passagem para os coreógrafos, de Martha Graham a Maurice Béjart.

Para festejar o centenário da histórica estreia em Paris e o seu próprio aniversário, o Teatro des Champs-Elysées será palco, de 29 a 31 de maio, de quatro representações excepcionais do balé original de Nijinsky. Perdida durante décadas, a coreografia foi reconstituída nos anos 80 graças às pesquisas de uma coreógrafa americana e um historiador da arte inglês.

Ela será apresentada pelo balé e orquestra do teatro Mariinsky, de São Petersburgo, junto com uma recriação inédita assinada por Sasha Waltz, um dos maiores nomes da dança contemporânea. A noite de gala na quarta-feira será transmitida ao vivo pelo canal de televisão franco-alemão Arte.

Em junho, o teatro apresenta ainda a versão da alemã Pina Bausch, que data de 1975, e uma reinterpretação radical de Akram Khan.Essa criação do coreógrafo e bailarino britânico, que foi a estrela da cerimônia de abertura das últimas Olimpíadas, estreia na proxima terça-feira no teatro Sadler's Wells, em Londres, e é intitulada "Na Mente de Igor".

As comemorações acontecem também em Portugal. Após 38 anos de carreira, Olga Roriz comemora o centenário de "A Sagração da Primavera" assumindo o duplo papel de coreógrafa e bailarina. Ela volta aos palcos no dia 29 em um solo interpretando a personagem principal de sua própria versão do balé, criada em 2010. Neste programa Olga Roriz fala sobre o fascínio que a peça exerce sobre os coreógrafos há cem anos.

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