Nesta semana, a agenda anotou alguns destaques bem legais que estão agitando a Europa. Dos papéis coloridos recortados por um mestre na Inglaterra a um festival de dança moderna na Hungria, passando por uma ópera de Wagner com cenário do maior videasta da atualidade, em Paris, a diversidade e a inspiração estão garantidas.
"Matisse -The Cut-Outs". Assim se chama a mostra que abriu as portas na Tate Modern de Londres, em 17 de abril, com um conjunto nunca visto dos famosos papéis coloridos que o pintor recortou para criar colagens maravilhosas entre 1943 e 1954, ano de sua morte.
Doente, sem poder mais pintar, Matisse encontrou nesta arte uma forma de continuar a expressar sua criatividade genial. Na Tate estão expostas 130 obras, que nos fazem mergulhar num mundo de cores e imaginação.
A edição original do famoso livro "Jazz", editado em 1947 pelo Centro Pompidou de Paris, pode ser vista pela primeira vez fora da França, ao lado do manuscrito do artista.
A Tate também apresenta um conjunto de recortes em grande formato de 1953, vindos de outros museus; entre eles, "O Escargot", da própria Tate, "Memória da Oceania", do MoMa de Nova York e a "Grande Composição com Máscaras", da National Gallery Art de Washington. Uma fotografia do ateliê de Matisse revela que estas colagens foram concebidas como um tríptico e esta é a primeira vez que são reunidas de novo.
Os famosos "Nus Azuis", de silhuetas femininas, também estão presentes, demonstrando o interesse de Matisse pela figura humana no final de sua vida.
O grande mestre sempre dizia que, para ele, a pintura é um desenho, mas menor. "Eu acredito que a pintura e o desenho são a mesma coisa. O desenho é uma pintura com menos recursos. Sobre uma superficie branca, uma folha de papel , com uma caneta e tinta, podemos, criando certos contrastes por volumes, mudar a qualidade do papel, dar-lhe uma superfície leve, clara, dura, sem precisar colocar sombra ou luz. Para mim o desenho é uma pintura com menos recursos"...
Ouvindo a explicação do pintor, entendemos porque seus recortes são chamados de pinturas de papel. Uma tesoura, folhas coloridos e imaginação criaram obras que atravessaram o tempo… E falando em tempo, vocês têm até 7 de setembro para ir à Tate Modern de Londres e se encantar, of course!
Dança visceral em Budapeste
Dança contemporânea, vídeos, música experimental, uma certeza de novas sensações visuais, auditivas, epidérmicas...
Esta é a proposta do Budapeste Dance Festival que começa neste 22 de abril na capital húngara. São doze companhias a apresentar desde solos e duos a criações coletivas, num ritmo de modernidade máxima.
Companhias da Holanda, Hungria e Estados Unidos dividem o palco: East Shadow, do grupo holandês Kylian, abre o baile. Em seguida, sãoas companhias nacionais que brilham com danças sugestivas como Flashback (proibido para menores de idade), The Rite of Spring, My Daughter Anne Frank, The Coyote Dancing with the Stars e Horde 2 . Os americanos da companhia Doug Varone, de Nova York participam com várias peças, entre elas, Rise, The Bench Quartet e Boats Leaving.
O Budapeste Dance Festival encerra no dia 29 de abril, Dia Internacional da Dança.
Videoarte e Tristão e Isolda
O compositor alemão Richard Wagner (1813-1883) nunca poderia imaginar que um dia, no Teatro de Ópera da Bastilha, em Paris, seu casal mítico, Tristão e Isolda, cantaria em um cenário decorado por vídeos gigantescos e oníricos.
E é esta a proposta do diretor Peter Sellars, que está provocando filas intermináveis na entrada do teatro. Uma fusão improvável que deu certo.
O videasta mais famoso da atualidade, o norte-americano Bill Viola, realizou os cenários de Tristão e Isolda, obra monumental de Wagner.
Os cantores interpretam diante de vídeos fantásticos, fortes como o enredo da história lendária do trágico amor impossível entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda.
Os vídeos não acompanham necessariamente o argumento, mas sugerem a emoção dos fatos, causando novas e marcantes sensações e acentuando o clima fantástico da obra.
"Tristão e Isolda" fica em cartaz de 8 de abril a 4 de maio no Ópera Bastilha. Bill Viola está atualmente com a primeira exposição dedicada à videoarte na França, no Museu do Grand Palais, em Paris.
Vejam Henri Matisse recortando papéis e criando colagens no vídeo abaixo:
Vejam a cantora sueca Molly Nilsson cantando "Dear Life" no vídeo abaixo:
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