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Artes

François Pinault, magnata do luxo, vai inaugurar centro de artes em Paris

Dez anos depois de uma tentativa frustrada, o francês François Pinault conseguiu autorização para criar uma instituição cultural em Paris, na qual vai expor parte de sua gigantesca coleção de obras de arte. O bilionário, dono do grupo Kering, um dos líderes mundiais do luxo, já tem uma fundação semelhante em Veneza.

François Pinault durante o anúncio do projeto de criação de uma Fundação artística em Paris.
François Pinault durante o anúncio do projeto de criação de uma Fundação artística em Paris. REUTERS/Charles Platiau
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A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, confirmou esta semana durante uma entrevista coletiva que François Pinault vai expor parte de sua coleção no prédio da Bolsa de Comércio, no coração da capital francesa. A fundação do magnata do luxo terá a concessão para utilizar o edifício histórico durante 50 anos.

Em troca, além de um aluguel, o bilionário vai custear as reformas necessárias para modernizar o local e arcar com as despesas de funcionamento de um museu que ainda não tem data para ser inaugurado. A única informação divulgada por Pinault, logo após a coletiva, é que a instituição será “complementar aos demais museus da cidade”.

Considerado com um dos principais colecionadores do planeta, dono de cerca de 3500 obras de arte moderna e contemporânea, o francês, cujo grupo detém marcas como Yves Saint Laurent e Gucci, esperava há mais de uma década por essa oportunidade. A história começou em 2005, quando Pinault tentou criar uma fundação cultural na ilha Seguin, local da periferia de Paris que acolheu no passado uma parte das fábricas da Renault. No entanto, diante da burocracia e de associações que bloquearam o processo, o francês cansou de esperar e decidiu concretizar seu projeto em Veneza, onde inaugurou, em 2016, um museu no Palazzo Grassi. A obra foi acompanhada do Teatrino, um projeto arquitetural pilotado pelo arquiteto japonês Tadao Ando, que se tornou ponto turístico para os amantes de arte e arquitetura de passagem pela cidade italiana.

Ando, que já havia sido cotado para pilotar o projeto na ilha Seguin, será o responsável pela reforma da Bolsa de Comércio, realizando assim sua primeira grande obra na capital francesa. Nenhuma informação foi revelada sobre as mudanças que poderão ser efetuadas no prédio redondo, com ares de arena, cuja primeira construção data de 1782. Mas se respeitar seu estilo, marcado pelo uso do concreto bruto, a capital francesa pode se preparar para mais uma proeza arquitetural, como o próprio Teatrino de Veneza, onde o japonês demoliu o interior do edifício para construir uma verdadeira obra de arte branca com linhas puras.

Arte como ferramenta de comunicação

A decisão de Pinault de inaugurar mais um centro de artes corresponde a uma tradição, já que o papel de mecenas desempenhado pelas grandes fortunas mundiais é histórico. Mas esse projeto responde também a uma prática cada vez mais adotada pelos gigantes do luxo, que usam o investimento na arte como um instrumento de comunicação.

Desde que a Cartier abriu sua fundação em 1984, várias marcas seguiram seus passos. Hermès tem sua rede de galerias, Pierre Bergé e Yves Saint Laurent têm seu museu/fundação, e Prada tem duas fundações de arte na Itália, em Veneza e Milão, só para citar alguns.

Mas o projeto da Bolsa de Comércio de Paris também remete ao eterno braço de ferro entre Pinault e Bernard Arnault, dono do grupo LVMH, principal concorrente da Kering e número um mundial do luxo. Homem mais rico da França e um dos mais poderosos do planeta, Arnault inaugurou em 2014 a Fundação Louis Vuitton, um projeto que também demorou para sair do papel, mas que conquistou os críticos e deve ter atiçado a rivalidade entre os dois gigantes do setor.

 

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