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Rendez-vous cultural

Mostra em Paris traz a navegação e o mundo árabe, de Simbad a Marco Polo

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Uma exposição no Instituto do Mundo Árabe, em Paris, propõe uma viagem pelo tempo e pelos mares. “Aventureiros do mar: de Simbad a Marco Polo” mostra a importância dos navegadores árabes antes da época de ouro europeia dos grandes descobrimentos. A mostra fica em cartaz até 26 de fevereiro de 2017.

Arca de Noé segundo Jâmimi al-tawârîkh (história universal), por Rashîd al-Dîn (1314-1315), Tabriz, Irã.
Arca de Noé segundo Jâmimi al-tawârîkh (história universal), por Rashîd al-Dîn (1314-1315), Tabriz, Irã. © Nour Foundation. Courtesy of the Khalili Family Trust
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A curadora Nala Aloudat conta que um dos objetivos foi rebater a ideia preconcebida de que os árabes são gente do deserto. “Ao contrário, os muçulmanos detém uma cultura marítima milenar. Não só em progressos em questões de navegação, de cartografia e geografia, mas também de trocas mercantis entre o Mediterrâneo e o Oceano Índico”, explica.

Para contar as façanhas dos navegadores árabes, a exposição tem como fio condutor personagens da época. Começando por uma lenda, um mito, a de Simbad, o marujo, que no Ocidente ficou conhecido pelos volumes das Mil e Uma Noites. Simbad fez sete grandes viagens, percorrendo o leste da África e sul da Ásia, com experiências fantásticas, como a de encontrar uma ilha em forma de baleia.

Andanças marítimas pelo desconhecido

“Um dos nossos propósitos era de dar vida ao tema e não apenas falar de objetos, mapas ou manuscritos, ou seja, falar de personagens que tornaram essas façanhas possíveis”, relata a curadora. “Começamos por exemplo com Simbad, pois a primeira parte da exposição fala de mitos. Temos Ibn Majid, que é um grande navegador árabe, alguns dizem que ele é quem permitiu a Vasco da Gama achar o caminho até o Oceano Indico, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Na terceira parte, o destaque vai para Ibn Battûta, talvez o maior dos navegadores desta exposição. Diz-se que ele percorreu 120 mil km no mar, através do mundo”, acrescenta Nala Aloudat.

Fora do universo árabe, mas muito importantes na história das navegações marítimas, há personagens como o mongol muçulmano Zheng He, o italiano Marco Polo e o português Vasco da Gama. A exposição é high tech, com explicações interativas, vídeos, constelações no teto, além de muitas relíquias de época.

Holandeses trazem ruptura ao modelo árabe

A curadora também fala sobre o papel dos portugueses nessa era: “A ideia é de mostrar que os portugueses se inseriram em uma rede que já existia. Eles criaram uma nova rota contornando o Cabo da Boa Esperança, mas não chegaram a transformar a paisagem comercial que já existia e funcionava bem. Queremos mostrar que eles vieram ‘completar’ algo que já estava construído, pois quando eles chegaram, o comercio em mãos dos árabes não diminuiu, pelo contrário, criou mais demanda e concorrência, mas sem que isso fosse um golpe ao poder e o monopólio muçulmano”.

A mostra termina na transição do século 16 para o século 17, quando se instala a Companhia das Índias Orientais, criação holandesa de transformou o comércio marítimo, impondo uma ruptura com o modelo criado pelos árabes e expandido pelos portugueses.
 

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