Artista francês realiza street art em plena floresta amazônica
São imagens de uma grande beleza: rostos de índios projetados à noite sobre as árvores gigantescas da floresta amazônica brasileira. Como explica à RFI o realizador do projeto, o artista francês Philippe Echaroux, “trata-se de tirar o street art do seu lugar comum, ou seja, do muro ou das fachadas” (veja fotos abaixo da reportagem).
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Por trás da ação artística, há uma mensagem, pois Echaroux busca “a arte com sentido”. “O meu objetivo foi chamar a atenção para os problemas enfrentados pela tribo suruí, de Rondônia. Madeireiros e mineiros destroem o seu habitat para roubar madeira e pedras preciosas.” Para ele, “cada árvore derrubada é um homem morto”.
Foi na aldeia dessa tribo que o francês passou sete dias realizando o projeto, batizado de Amazônia 2.0. O primeiro passo foi fotografar os rostos dos suruís e, depois, projetá-los na floresta, sobre árvores escolhidas em conjunto com os índios (veja vídeo abaixo).
Veja vídeo do projeto gravado na tribo dos Suruis em Rondônia, na Amazônia brasileira
Première Mondiale: du Street Art au coeur de la Forêt Amazonienne - World First Street Art in the Rainforest. from pays-imaginaire.fr on Vimeo.
“Eles se divertiram muito vendo as projeções. Não tinha a mínima ideia de como eles reagiriam. Eles ficaram contentes com o fato de que isso serviria para falar da causa deles”, explica Echaroux.
Antes de desembarcar no local, o artista passou dois anos realizando pesquisas. “Desde o início, eu queria fazer o trabalho com as pessoas mais indicadas para falar sobre o tema, ou seja, os índios que moram na floresta. Foi por meio da associação suíça Aquaverde, que trabalha com os suruís, que pude encontrá-los.”
Aprendizado com os índios
Ele descreve a experiência como “incrível” e diz que aprendeu muito. “Os suruís nos ensinaram coisas sobre a natureza e seu modo de vida. Como europeu, sempre ouvia que entrar na floresta era perigoso. Aprendemos a confiar no meio ambiente, e nada de ruim nos aconteceu”, conta Echaroux, que teve o corpo pintado pelos índios e contou com a ajuda de um intérprete para se comunicar com eles.
As fotos do projeto foram expostas na capital francesa este ano, durante o evento Paris Photo. Mas Echaroux diz que o melhor suporte para mostrar seu trabalho é seu site. “Assim atinjo mais pessoas. Gosto da ideia de alguém ver as fotos da Amazônia de manhã no seu celular.”
Militante da causa ecológica, o artista francês pretende realizar projetos similares em outros lugares do mundo, mas prefere não adiantar o próximo destino. Além do Amazônia 2.0, ele já realizou projeções de frases em Barcelona e Havana e de um retrato do ex-jogador de futebol Zinedine Zidane em Marselha, no sul da França.
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