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Cinema

"Elle" conquista prêmio de melhor filme no César, o Oscar do cinema francês

“Elle” foi o grande vencedor da cerimônia do César, o Oscar do cinema francês. O longa levou o prêmio melhor filme e de melhor atriz, para Isabelle Huppert. O brasileiro "Aquarius", que disputava na categoria de melhor filme estrangeiro, foi derrotado por "Eu, Daniel Blake" de Ken Loach.

Isabelle Huppert levou o César de melhor atriz por "Elle", que também ganhou o prêmio de melhor filme
Isabelle Huppert levou o César de melhor atriz por "Elle", que também ganhou o prêmio de melhor filme REUTERS/Philippe Wojazer
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A nata da 7ª arte da França se reuniu em Paris nesta sexta-feira (24) para a 42ª cerimônia do César. Confirmando o favoritismo, “Elle”, do holandês Paul Verhoeven, que concorria em 11 categorias, levou o prêmio de melhor filme, mas também o de melhor atriz para Isabelle Huppert, que também foi indicada para o Oscar pelo mesmo papel.

Dirigido pelo mesmo cineasta do sucesso de bilheteria "Instinto Selvagem" e do quase cult "Showgirls", ambos nos anos 1990, “Elle” conta a história de uma empresária vítima de um estupro que decide perseguir seu agressor. O longa já conquistou o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e de melhor atriz para Huppert.

Outro grande vencedor dessa edição do César foi o canadense Xavier Dolan, que levou o prêmio de melhor diretor por "É Apenas o Fim do Mundo". Aos 27 anos, o cineasta que dirigiu o clip "Hello" da cantora Adele e que edita todos os seus filmes, também ganhou o troféu de melhor edição.

Baseada em uma peça de teatro, a trama, que conta a história de um jovem que tenta anunciar sua morte iminente para a família, tem a participação de alguns dos principais nomes do cinema francês. Marion Cotillard (que concorria ao César na categoria de melhor atriz), Léa Seydoux, Nathalie Baye e Vincent Cassel dividem a tela com o protagonista Gaspard Ulliel, que foi saudado com o troféu de melhor ator. 

“Eu, Daniel Blake” vence o brasileiro “Aquarius”

“Aquarius”, estrelado por Sônia Braga, disputava o César de melhor longa estrangeiro. Porém, como no Festival de Cannes do ano passado, onde o filme foi bem recebido, a trama dirigida por Kleber Mendonça Filho foi derrotada por "Eu, Daniel Blake" do inglês Ken Loach, o mesmo que levou a Palma de Ouro na Côte d’Azur em 2016.

Filme social, o longa conta a história de um homem que, após um ataque cardíaco, não consegue receber os benefícios concedidos pelo governo. A obra aborda a impotência dos trabalhadores precários diante da burocracia e do chamado "analfabetismo digital".

Homenagens e discursos engajados

O ator francês Jean-Paul Belmondo foi homenageado durante a cerimônia. Aos 83 anos, o astro de "Acossado", de Jean-Luc Godard, ou ainda "O Homem do Rio", de Philippe de Broca, foi longamente aplaudido pela plateia.

O norte-americano George Clooney, presente na sala com sua esposa Amal, também recebeu um César pelo conjunto de sua obra. Durante a entrega do prêmio, o ator fez várias alusões à sua oposição à política do presidente norte-americano, Donald Trump. “O mundo vive transformações importantes, e nem todas são positivas”, disse Clooney. “Nós somos apresentados como defensores da liberdade, mas não podemos defender a liberdade no exterior se nós a esquecemos dentro de nossas próprias casas”, declarou o ator.

Mas um dos discursos mais engajados foi o diretor François Ruffin, que levou o prêmio de melhor documentário com "Merci Patron!". Ele aproveitou a tribuna para criticar o desmantelamento da indústria francesa. “François Hollande deve mostrar que seu adversário é o mundo das finanças”, disse o cineasta militante, diante dos cerca de 2 mil convidados na sala Pleyel, entre eles a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e a ministra francesa da Cultura, Audrey Azoulay. Seu documentário, que contesta a ação do líder mundial do luxo LVMH, que terceiriza boa parte de suas atividades em países com mão de obra mais barata, levou mais de 500 mil expectadores às salas no ano passado.

Já as diretoras Maïmouna Doucouré e Alice Diop, que dividiram o César de melhor curta-metragem por “Maman(s)" e “Vers la tendresse", respectivamente, homenagearam a diversidade francesa e os jovens da periferia vítimas da violência policial.

O mestre de cerimônia foi o humorista Jérôme Commandeur. Este ano, excepcionalmente, o evento não teve nenhum presidente, após a polêmica escolha do franco-polonês Roman Polanski. Julgado à revelia nos Estados Unidos pelo estupro de uma adolescente em 1977 e foragido da justiça americana desde então, o diretor desistiu de presidir a cerimônia depois de um grupo de associações feministas pedir sua destituição e ameaçar boicotar o César.
 

Confira a lista dos principais ganhadores do César de 2017

- Melhor filme - “Elle”, de Paul Verhoeven

- Melhor filme estrangeiro - “Eu, Daniel Blake" de Ken Loach

- Melhor atriz - Isabelle Huppert, pelo filme “Elle”

- Melhor ator - Gaspard Ulliel, pelo filme “É Apenas o Fim do Mundo”

- Melhor diretor - Xavier Dolan, pelo filme “É Apenas o Fim do Mundo"

- Melhor atriz coadjuvante - Déborah Lukumuena, pelo filme “Divines”

- Melhor ator coadjuvante - James Thierrée, pelo filme “Chocolate”

- Melhor primeiro filme - "Divines”, de Houda Benyamina

- Jovem talento feminino - Oulaya Amamra, pelo filme “Divines”

- Jovem talento masculino - Niels Schneider, pelo filme “Dimant noir”

- Melhor documentário - "Merci Patron!”, de François Ruffin

- Melhor curta-metragem – “Maman(s)", de Maïmouna Doucouré e “Vers la tendresse", de Alice Diop

- Melhor longa-metragem de animação - "Minha vida de abobrinha”, de Claude Barras

- Melhor curta-metragem de animação - “Celui qui a deux âmes", de Fabrice Luang-Vija

- Melhor adaptação para o cinema - Céline Sciamma, pelo filme “Minha vida de abobrinha”

- Melhor script - "L’effet aquatique", de Sólveig Anspach e Jean-Luc Gaget

- Melhor Figurino - Anaïs Romand, pelo filme “La Danseuse”

- Melhor cenário - Jérémie D. Lignol, pelo filme “Chocolat”

- Melhor música - Ibrahim Maalouf, pelo filme “Dans les forêts de Sibérie"

- Melhor edição - "É Apenas o Fim do Mundo", de Xavier Dolan

- Melhor fotografia - Pascal Marti, pelo filme “Frantz”

* Alguns filmes ainda não têm título em português

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