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Cinema/Cuba

Filme cubano proibido na ilha de Fidel faz sucesso no exterior

“Santa y Andrés”, do cubano Carlos Lechuga, é um forte candidato ao prêmio de melhor filme de ficção do festival Cinélatino de Toulouse, no sudoeste da França, segundo o informal boca-a-boca entre público e profissionais que circulam pelas salas do evento.

Cena de "Santa y Andrés", do cubano Carlos Lechuga.
Cena de "Santa y Andrés", do cubano Carlos Lechuga. www.cinelatino.fr
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Enviada especial ao festival Cinélatino de Toulouse

Santa é uma camponesa fiel aos preceitos da revolução cubana. Na mesma região, vive Andrés, confinado em uma casa isolada por causa de dois delitos de alta periculosidade na Cuba dos anos 70 e 80: ser escritor e homossexual. Ela recebe instruções para vigiar o autor durante três dias e evitar que ele cometa algum ato reacionário. Desse encontro forçado, afloram duas personalidades de muita bagagem emocional e de visões de mundo incompatíveis, mas que acabam por encontrar um viés de empatia e compaixão.

Vetado em Cuba

“Santa y Andrés” vem percorrendo festivais mundo afora e levou recentemente o prêmio de melhor ficção em Guadalajara, no México. Mas Carlos Lechuga sonha em passar o filme em seu país natal, onde vive, e onde foi rodado: Cuba. Apesar de ter sido filmado com aval do Estado, o produto final acabou sendo vetado.

“Estamos cansados, foram seis meses de reuniões”, diz Lechuga, sobre as negociações com autoridades cubanas para tentar liberar o filme na ilha. “É mais prejudicial ao país não mostrar. Pedimos um cinema longe e pequeno, mas chegamos a um beco sem saída nas conversas, vamos nos concentrar em outros projetos”, explicou o diretor em Toulouse.

“Há cubanos que viram o filme no exterior, ou em minha casa, e gostaram. Entenderam que é um filme que fala sobre a união, sobre deixar o ódio para trás, sobre a tolerância. Não é uma obra com más intenções, ao contrário”, disse Lechuga à RFI.

Documentários fundamentais

Aos 33 anos, o diretor vem de uma família “muito revolucionária” e explica que, por não ter vivido o período que aborda, teve de pesquisar muito. Coincidentemente, teve acesso a dois documentários que o influenciaram muito: “Conduta Imprópria” (1984), do consagrado diretor de fotografia espanhol Nestor Almendros, e “Seres Extravagantes” (2004), do cubano Manuel Zayas.

O primeiro tratava da perseguição a homossexuais pela ditadura castrista e o segundo, filmado clandestinamento em Havana, sobre Reinaldo Arenas, perseguido por ser escritor e  gay. O livro autobiográfico de Arenas, "Antes que Anoiteça" foi filmado pelo cineasta americano Julian Schanbel ("Basquiat"), com Javier Bardem no papel principal.

Extremos

“Eu quis colocar em um mesmo espaço dois polos opostos, para que dialogassem entre si”, diz Lechuga. E para viver os dois extremos, o jovem diretor convocou dois atores extraordinários com grande experiência de teatro, que antes já tinham recusado participar de seu filme anterior, “Melaza”, por purismo ao palco. Agora, Lola Amores vive Santa e Eduardo Martinez é Andrés. Se na tela são um casal improvável – “Tenho asco ao aparelho sexual feminino”, diz o escritor numa cena -, na vida real estão juntos há mais de 20 anos.

Assista ao trailer de "Santa y Andrés":

 

 

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