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Em 20 anos, nunca vi uma crise tão longa no mercado de arte brasileiro, diz galerista Maria Baró

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Começou neste fim de semana e vai até sexta-feira (4) a Art Marbella. A 3ª edição da feira de artes do litoral espanhol tem desta vez um toque brasileiro, já que a curadoria é feita por Maria Baró, da galeria paulistana Baró. Radicada no Brasil há 20 anos, a galerista espanhola vê no evento da Costa do Sol uma possível porta de entrada na Europa para a nova produção artística brasileira, que sofre com a atual crise no Brasil.

A galerista espanhola Maria Baró é a curadora da 3ª edição do Art Marbella
A galerista espanhola Maria Baró é a curadora da 3ª edição do Art Marbella L. Belchior
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Luisa Belchior, correspondente da RFI na Espanha

A feira surgiu na carona da abertura de uma série de museus na cidade de Málaga, vizinha a Marbella. Em 2015, a primeira sede do Centro George Pompidou, de Paris, aterrissou na cidade, junto com uma filial do Museu russo de San Petersburgo, a primeira na Europa. Desde então, Art Marbella vem atraindo colecionadores do mundo todo. “É um local muito interessante, porque tem pessoas da Europa, do mundo árabe, do norte da África e da Rússia”.

Segundo Maria Baró, o evento do sul da Espanha é também a expressão de uma nova tendência no mercado das artes: a de feiras e encontros menores e em destinos pouco convencionais para o setor. É o caso da Este Arte, a feira de arte contemporânea que acontece há três anos em Punta del Este, no Uruguai, ou da feira de Monte Carlo. “Acho que nesses lugares as pessoas estão relaxadas, porque é verão. Há uma saturação no mercado de grandes feiras, porque as pessoas já não têm mais tempo, os galeristas ficam muito cansados. Aqui temos mais tempo de conversar com as pessoas, é um cenário mais íntimo”, opina.

A galerista também vê a Art Marbella como uma nova vitrine para artistas do Brasil. “A arte brasileira ainda é muito desconhecida do povo espanhol, comparando com mercados como o russo e o árabe. Então é também uma novidade”.

Ao comparar o mundo da arte dos dois lados do oceano, a galerista explica que “o Brasil nunca teve um apoio como na Espanha, onde os artistas têm uma ‘almofada’ nas instituições. O artista brasileiro é muito sozinho”. Além disso, ela destaca que o mercado brasileiro tem sofrido uma queda muito importante nos últimos dois anos. “O Brasil era muito atuante, inclusive nas grandes feiras, como em Londres, na Basileia ou em Miami. Mas os colecionadores brasileiros deram uma parada. Em 20 anos, essa é a primeira vez que vejo uma crise tão longa no Brasil”, analisa.

Em compensação, a crise parece ter um impacto na criatividade, segundo a galerista. “Os artistas brasileiros estão voltando a fazer obras mais políticas, e acho que daqui a uns dois anos vamos começar a ver os resultados”, aposta Maria Baró.

Ouça a entrevista completa clicando na foto acima.

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