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Rendez-vous cultural

Sergipano fez cartazes para a Pathé durante a Paris da "Belle Époque"

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Uma mostra em Paris homenageia o sergipano Cândido Aragonez de Faria, cartunista e ilustrador que fez os cartazes dos primeiros filmes da Pathé, ainda durante o cinema mudo.

Candido de Faria, 1906, fonds Morieux © Fondation Jérôme Seydoux-Pathé
Candido de Faria, 1906, fonds Morieux © Fondation Jérôme Seydoux-Pathé © Fondation Jérôme Seydoux-Pathé
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Cândido de Faria nasceu em Laranjeiras, cidade portuária de Sergipe, no dia 12 de outubro de 1849. O pai, baiano, era médico com formação em Montpellier, na França. A mãe era de origem espanhola. O pai morreu de cólera quando Cândido tinha apenas seis anos e logo a família, acompanhada dos escravos, se mudou para a capital do império, Rio de Janeiro.

Ele estudou na Academia Nacional de Belas Artes, recém-criada. Faria trabalhou no Brasil e na Argentina antes de tentar a sorte na França, em 1882. Na efervescente Paris da Belle Époque, ele começou ilustrando partituras, produtos e eventos de casas de espetáculos como o Moulin Rouge, antes de se tornar o principal cartazista da Pathé.

Caricaturista e ilustrador 

A mostra, na Fundação Jérôme Seydoux-Pathé, reúne cartazes do “atelier Faria” e também trabalhos anteriores do artista. Acompanha ainda uma caprichada publicação em francês e português, organizado por Germana de Araújo, professora na Universidade Federal de Sergipe.

A professora de design explica que criou em 2015 um grupo de trabalho para pesquisar a vida do artista, pois as informações sobre sua trajetória eram poucas. “Ninguém citava Faria em livros de design e artes visuais, só em obras que tratavam da imprensa na época. Ele foi um caricaturista muito atuante de 1866 a 1880 no Brasil”, conta Germana de Araújo.

“Apesar de ser considerado um caricaturista, seu desenho não é agressivo, não deforma, não é como o de seus contemporâneos no Brasil”, explica a acadêmica paraibana radicada em Sergipe. “Muitos críticos de artes dizem que ele não tinha um estilo próprio, como por exemplo, Toulouse Lautrec, mas ele tinha sim, ele tinha a expertise de retratar de uma maneira em que o observador se coloca na cena. Ele era muito menos fantasioso que realista”, acrescenta Germana de Araújo.

Um precursor dos quadrinhos?

O trabalho de Cândido de Faria também vai render um segundo livro, explica Germana, dessa vez sobre os aspectos técnicos do artista, como um projeto tipográfico a partir dos ‘letterings’, ou seja, das letras criadas por ele.  

O estilo de Faria em ‘quadrinizar’, de contar as histórias em sequências, também é objeto de estudo na Federal de Sergipe, pois ele pode ser um dos pioneiros da técnica no começo do século 20, conta Germana de Araújo.

 Pouco se sabe da vida pessoal de Cândido de Faria. Ele morreu em 1911, aos 62 anos, depois de nove anos na Pathé, que é ainda hoje a segunda maior companhia cinematográfica do mundo em atividade, depois da também francesa Gaumont. Ele está enterrado no cemitério São Vicente, no bairro de Montmartre, na capital francesa.

A exposição Cândido de Faria, um brasileiro em Paris, fica em cartaz até 10 de julho.

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