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Wim Wenders mostra em Cannes um papa antenado com o mundo

Ele mete o bedelho em tudo, ao ponto de não ser unanimidade nem memso entre o alto clero que o rodeia. Pelo contrário. De olho em tudo, ele reclama, alerta, dá bronca, mas sempre como um pai zeloso, que tenta colocar na linha um filho rebelde, egoísta, confuso ou maldoso. O cineasta alemão Wim Wenders apresenta em Cannes, fora de competição, seu retrato muito pessoal do papa Francisco.

O cineasta alemão Wim Wenders apresenta em Cannes seu filme sobre o papa Francisco.
O cineasta alemão Wim Wenders apresenta em Cannes seu filme sobre o papa Francisco. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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Enviada especial a Cannes

O papa Francisco de Wenders sorri muito. Faz piadas. Viaja mundo afora. E conversa com a câmera, olho no olho.

Em 1h36 minutos, o diretor de sucessos como Paris, Texas (Palma de Ouro em 1984) e O Sal da Terra, não se preocupa em pincelar a trajetória do argentino Jorge Bergoglio, mas sim em mostrar como o chefe da Igreja Católica se envolve nos problemas que afligem o mundo e tenta assim intermediar, sempre, pela paz.

O franciscano, atualmente com 81 anos, corre a América Latina, visita doentes na África, critica o comércio de armas em pleno Congresso americano, vai até Lampedusa e Lesbos conhecer de perto o sofrimento dos refugiados, lava e beija pés de presos e refugiados, reclama da cupidez entre o alto clero, veste a Santa Sé em propaganda pelo meio ambiente, coloca mensagem no Muro das Lamentações e fala para pais brincarem mais com os filhos.

Ira do alto clero

No início do pontificado ele já deixava bem claro para o que veio. Uma sequência mostra Francisco discursando para o alto escalão da Santa Sé sobre as enfermidades da casta: ambição, ganância e prepotência. "Muitos na Cúria acreditam que Francisco está indo rápido demais, longe demais. Pelo contrário, eu acredito que ele tem um pé no freio para que todos o acompanhem", disse Wenders a jornalistas em Cannes.

Dentro do avião papal, Francisco responde a uma pergunta de um jornalista sobre a homossexualidade: “Quem sou eu para julgar um gay?”. Ele também fala em tolerância zero para a pedofilia no clero. Se bem que, recentemente, derrapou no Chile, quando defendeu um bispo acusado de encobrir um padre pedófilo. Diante da chuva de críticas, o argentino mostrou o quanto é humilde e pediu desculpas, ordenando uma nova investigação e chamando algumas supostas vítimas para conversar com ele no Vaticano.

"Papa Francisco: um homem de palavra" foi coproduzido pela Igreja Católica, que convidou Wenders através de uma carta para dirigir o projeto em 2013, ao final do primeiro ano do pontificado de Jorge Bergoglio. Foram oito horas de entrevistas, em várias sessões. “Quando você o vê, percebe um homem que ama as pessoas, com honestidade e coragem. Quando diz que somos todos iguais, ele realmente acredita nisso”, contou Wenders, que se diz um cristão ecumênico.

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