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Exposição / Paris

Acervo de Cartier-Bresson ganha nova sede em Paris

Depois de 15 anos espremida em uma simpática casa no bairro de Montparnasse, no 14° distrito de Paris, a Fundação Henri Cartier-Bresson ganha agora uma sede à altura de um dos grandes nomes da fotografia mundial, no bairro do Marais.

Piscina em Le Brusc, verão de 1976.
Piscina em Le Brusc, verão de 1976. @Martine Franck/ Magnum Photos
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A exposição inaugural do novo espaço é dedicada a uma retrospectiva de Martine Frank (1938-2014), fotógrafa belga e companheira de Henri Cartier-Bresson (1908-2004) durante mais de 30 anos, até a morte dele em 2004.

Ainda em fase de reformas, o novo espaço, com 900 m², reúne mais de 50 mil tiragens originais de HCB e de Martine Franck, além de 200 mil negativos e muitas obras de referência.

Nascida na Bélgica em 1938, Martine Franck cresceu na Inglaterra e nos Estados Unidos, numa família de colecionadores. Foi fotógrafa de moda, fez reportagens, retratos de artistas e escritores para publicações internacionais. Ela acompanhou e registrou a criação da mítica trupe do Théâtre du Soleil, uma das companhias mais conceituadas da França, sob direção de Ariane Mnouchkine, amiga de Martine. A fotógrafa também criou as agências Vu e Viva.

Em 1970, ela se casou com o consagrado Cartier-Bresson, que na época já tinha trocado as câmeras pelo desenho e pintura. Ele a estimulou a seguir um caminho próprio. Consciente do peso da herança cultural do marido, ela se dedicou com afinco à criação de uma fundação para preservação da obra do casal, inaugurada em 2003, um ano antes da morte do fotógrafo.

A retrospectiva viaja pelos principais eixos da obra de Martine Franck: o interesse pelo movimento feminista, os idosos, os retratos e o budismo.

Tulku Khentrul Lodro Rabsel, 12 anos com seu professor Lhagyel, mosteiro Shechen, Bodnath, Nepal, 1996
Tulku Khentrul Lodro Rabsel, 12 anos com seu professor Lhagyel, mosteiro Shechen, Bodnath, Nepal, 1996 @Martine Franck/ Magnum Photos

“Ela se interessava muito e era engajada na defesa de pessoas idosas. Por exemplo, temos foto em que mostra uma senhora imitando a fotógrafa. Podemos perceber que o contato foi bastante positivo, que a velhinha vai guardar uma boa lembrança desse momento e vice-versa”, explica Agnès Sire, diretora artística da fundação e curadora da exposição.

O olhar do fotografado

“A noção de oferecer um olhar, no caso do fotografado, tornou-se um conceito muito importante para Martine. Para ela, se não tivesse nenhuma conexão entre ela e a pessoa fotografada, a foto não seria boa. Martine não iluminava a cena, não teatralizava o momento. Ela queria captar um momento de silêncio da pessoa. Isso nem sempre é simples, as vezes é mais colocar algumas luzes e refletores e pedir para a pessoa dar um salto. No caso de Martine a sobriedade estava sempre presente, como na foto de Henri Cartier-Bresson diante de uma pintura de Goya.

“Martine presta muita atenção à situação, ao contexto, à maneira como a paisagem e o ser humano dialogam. É como se cada imagem fosse a condensação de um momento que se articula em relação ao espaço e o tempo”, diz David Donnadieu, curador do museu Elisée Lausanne, na Suíça, instituição que co-organiza a mostra de Frank.

Imagem que vai impregnando nosso olhar

“Isso ao contrário de Henri Cartier-Bresson, que buscava congelar o tempo, para ter o chamado ‘momento decisivo’, fazendo explodir o instantâneo no interior de uma imagem. Para Martine, trata-se de algo mais longo, um resumo da situação, bastante denso e rico. É como um sachê de chá que vai impregnando a água. As imagens de Martine é algo que vai impregnando nosso olhar”, explica Donnadieu.

Cartier-Bresson foi um dos fundadores da agência Magnum, em 1947. Agnès Sire trabalhava na agência antes de virar diretora artística da fundação, em 2004. Ela acompanhou Franck na organização do acervo.

“Martine dizia sempre que progrediu na profissão à sombra de uma grande àrvore. Que, ironicamente, poderia ser Cartier-Bresson ou a árvore da propriedade onde o casal está enterrado, em Monjustin, onde tinham uma casa. E é a última imagem da exposição”, conta Agnès Sire.

A retrospectiva de Martine Franck acontece até 10 de fevereiro, na nova sede da Fundação Henri Cartier-Bresson, em Paris.

Martine Franck fotografada por Henri Cartier-Bresson, Veneza Itália, 1972
Martine Franck fotografada por Henri Cartier-Bresson, Veneza Itália, 1972 @Henri Cartier/ Magnum Photos

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